As figuras por trás dos insultos racistas disparados contra Vinicius Junior são conhecidas das autoridades espanholas. Os Yomus são figurinhas carimbadas quando o assunto trata de violência envolvendo o futebol. Há 40 anos esse grupo de torcedores do Valencia provoca confusão antes, durante e depois de partidas. Após terem perdido força nos últimos anos, eles ressurgiram nos últimos meses, catapultados pela crise que vive o clube espanhol.
Criado em 1983, o grupo surgiu em um contexto de agitação política e violência. Os integrantes fazem questão de exibir suas afinidades neonazistas, saudações tomadas e antissemitas. A primeira grande polêmica aconteceu em 1992.
Na época, o Valencia era treinado pelo holandês Guus Hiddink. Marcando presença nas arquibancadas do Mestalla para a partida contra o Albacete, o Yomus estendeu uma bandeira nazista. Hiddink adiou o início da partida para que o adereço fosse retirado. Nunca mais um técnico da equipe repetiu a atitude. A razão é que o ato do treinador inflamou os torcedores e os símbolos extremistas se multiplicaram nas arquibancadas nos jogos seguintes.
Em 2016, eles usaram de violência para impedir que jovens torcedores apoiassem o Valencia durante uma partida. A conduta violenta fez com que o Yomus, como grupo, fosse banido dos estádios em 2019. A relevância dos extremistas perdeu mais força em 2021, quando o Valencia foi adquirido pelo bilionário cingapuriano Peter Lim. Ele proibiu a entrada no Mestalla de diversos integrantes do grupo.
Desde o ano passado, o grupo voltou a ganhar força. Liderado por Ramón Castro, vulgo Levis, a torcida começou a se movimentar dentro e fora de campo. Fascista e dono de ficha criminal, Castro foi um dos torcedores que foram cobrar, de forma nada amistosa, melhores resultados do técnico Gennaro Ivan Gattuso, em janeiro. Na mesma época, publicaram um comunicado em que afirmam que “clube precisa se libertar de pessoas mercenárias".
Em fevereiro, estenderam uma faixa pelas ruas da cidade dizendo que se o clube for arrastado para a segunda divisão, os jogadores e dirigentes "não terão onde se esconder". Eles são abertamente favoráveis a saída de Lim do comando do Valencia, que está a cinco pontos da zona da rebaixamento do Campeonato Espanhol. Deste então, os jogadores são pressionados na saída dos jogos e antes do embarque para partidas fora de casa.
Outra atitude de Castro foi a retomada da Curva Norte, área do estádio de onde saíram os gritos racistas contra Vinicius Junior, na mais recente página suja escrita pelo Yomus no futebol espanhol.