Em um período de poucos dias, Javier Tebas entrou em atrito com os dois maiores clubes do futebol espanhol. As polêmicas envolvendo Real Madrid e Barcelona são apenas mais duas relacionadas ao homem que comanda o Campeonato Espanhol e bate de frente com Vinicius Junior em relação aos casos de racismo no futebol espanhol.
Enquanto a imprensa mudou o discurso, diversas entidades esportivas e o governo brasileiro fizeram coro contra as injúrias raciais sofridas pelo atacante brasileiro, Tebas é a voz que ressoa mais alto minimizando as ofensas proferidas em estádios contra o jogador. Após Vini ir às redes sociais externar sua indignação pelo preconceito recorrente pelo qual passa, o dirigente usou suas contas para rebater o posicionamento.
Em seu terceiro mandato como presidente da LaLiga, Tebas afirmou que a entidade denuncia e persegue “o racismo com toda a dureza ao nosso alcance” e que “não podemos permitir que seja manchada a imagem de uma competição que é acima de tudo um símbolo de união entre os povos”.
Abertamente torcedor do Real, Tebas teve seu nome envolvido na crise em que o Barcelona está metido. O clube responde processo por pagamentos indevidos para um vice-presidente da comissão de arbitragem da Espanha. O jornal La Vanguardia publicou que Tebas enviou uma prova falsa aos promotores envolvidos no caso. O clube pediu que ele renunciasse.
Antes, as duas partes haviam entrado em atrito por questões políticas. O presidente afirmou que caso a Catalunha conseguisse a sua independência, os clubes da região não poderiam mais disputar o Campeonato Espanhol.
Com mandato até 2024, Tebas nasceu na Costa Rica e ganhou notoriedade por seus conhecimentos legais. Advogado de sucesso, especializou-se em direito esportivo e em casos de falência. Antes de assumir o comando da LaLiga, prestou serviço para 11 clubes do futebol espanhol. O primeiro deles foi o Huesca, onde chegou a ser presidente em 1993.
Posições políticas
Defendendo ideias de extrema-direita, o dirigente fez parte da Fuerza Nueva, um grupo saudosista que defendia nos anos 1980 o regime ditatorial de Franco, que governou o país até 1975. Atualmente, é apoiador do Vox, partido político que defende o nacionalismo exacerbado, idolatra ditaduras fascistas, critica o multiculturalismo e usa religião para fins políticos.
Suas posições políticas-partidárias sempre causaram controvérsias. Logo após ser eleito para gerir o Campeonato Espanhol, foi atacado por Javier Clemente, ex-técnico da seleção espanhola. Clemente comparou Tebas com um chefe de campo de concentração nazista.
— Tu estás perfeitamente na época hitleriana de chefe de campo de concentração. Desde quando greve é ilegal? — disparou Clemente após Tebas criticar a Associação de Jogadores de Futebol Espanhol (AFE), que havia anunciado greve depois da modificação da distribuição das cotas de direitos de transmissão, transformando a negociação individual dos clubes em coletiva.
Essa mudança foi considerada vital para o crescimento do Campeonato Espanhol nos últimos anos. Formado em direito pela Universidade de Zaragoza, Tebas tem habilidades como administrador e conhecedor da lei que ajudaram a enriquecer o futebol local. Até mesmo pessoas avessas às suas ideias elogiaram sua administração financeira à frente da LaLiga.
Desde sua chegada ao poder, a audiência do Espanhol no Exterior cresceu 30%, aumentando em 247% os valores dos direitos de transmissão internacionais, segundo balanço publicado pela LaLiga. A mudança na forma como os acordos são feitos reduziu a diferença do que Real Madrid, Barcelona e Atlético de Madrid ganham em relação aos clubes menores.
Na última negociação dos direitos em 2022, o acerto para a transmissão dos jogos do torneio por 4,9 bilhões de euros e é válido até o fim da temporada 2026/27.