Porto Alegre está alguns passos à frente das demais capitais brasileiras na retomada do futebol. Enquanto muitos Estados sequer vislumbram a possibilidade de liberar os clubes para treinos, o Rio Grande do Sul discute como reiniciar o Gauchão. E a ajuda pode vir de fora do país.
Olhando para outros continentes, é possível colher exemplos de protocolos estabelecidos para que a bola pudesse voltar a rolar nos estádios. Confira:
Coreia do Sul, sem abraços
Foi o primeiro país do mundo a retomar o futebol. Na última sexta-feira (8), a vitória de 1 a 0 do Jeonbuk Motors sobre o Suwon Bluewings marcou a abertura da rodada que teve mais cinco jogos complementares no sábado e domingo. Neste fim de semana, as equipes voltam aos gramados. Porém, o cenário está bem diferente ao de antes da pandemia.
Além das arquibancadas vazias, os jogadores e membros das comissões técnicas chegam aos estádios usando máscaras e, no vestiário, têm suas temperaturas aferidas. Dentro de campo, também não podem ter contatos físicos que fujam da disputa pela bola.
— Não pode abraçar, não pode cumprimentar dando a mão, evitar cuspir no gramado — relatou Júnior Negão, atacante brasileiro que atua no Ulsan Hyundai, em entrevista à Rádio Gaúcha.
Com 260 mortos ao total, o país asiático viveu o ápice de contágio no início de março.
Alemanha, 300 pessoas nos estádios
Na Europa, alguns países como Inglaterra, Espanha e Itália, já liberaram a realização de treinos, mas ainda não anunciaram uma data específica para a retomada de suas ligas. A exceção é Portugal, que prevê sua reabertura para 4 de junho. Dos campeonatos mais importantes, o caso mais avançado é na Alemanha, onde os jogos foram marcados para reiniciar neste sábado (16).
Após dois meses de paralisação, a Bundesliga será retomada igualmente com os portões dos estádios fechados. Porém, o governo da premiê Angela Merkel impôs medidas semelhantes às sul-coreanas para avalizar o reinício do campeonato. Entre elas, a principal é a testagem constante de jogadores e funcionários dos clubes, além do afastamento imediato de algum atleta que dê positivo para covid-19. Outra situação é o credenciamento reduzido de pessoas envolvidas na realização das partidas. Estima-se que, no máximo, 322 pessoas estarão trabalhando no estádio, entre jogadores, árbitros, comissões técnicas, seguranças, gandulas, jornalistas e demais funcionários da empresa de televisão que transmitirá os jogos. Por conta desta redução, não haverá VAR. Todos eles, com exceção de quem estiver jogando, terão de usar máscaras e terão suas temperaturas aferidas. A Liga Alemã de Futebol (DFL) também orientou os jogadores a não se abraçarem para comemorar gols.
Já morreram mais de 7 mil pessoas na Alemanha, sendo que o maior número de casos foi contabilizado entre o final e março e início de abril.
Vietnã anuncia a volta
Quem também está próximo de retornar é o Vietnã. Após reunião realizada na última quarta-feira (13), o país asiático decidiu que reiniciará a V-League no dia 5 de junho. Entre as novas medidas implementadas, está a aceitação de cinco substituições para cada equipe, regulamentada pela Fifa. No entanto, não há um consenso sobre a presença de público nos estádios. A ideia inicial é ir reabrindo os portões de maneira gradual.
Segundo o governo local, não houve nenhuma morte e, até o início deste mês, apenas 300 casos da doença foram registrados.
Turcomenistão proibiu a palavra coronavírus
Localizado na Ásia Central, o país é governado pelo ditador Gurbanguly Berdimuhamedow, que proibiu o uso da palavra "coronavírus" em território nacional. Ao se declarar livre da doença, o futebol foi retomado na segunda quinzena de abril. Não há restrição de público nos estádios.
Belarus, vodka e sauna
O país que fazia parte da velha União Soviética não paralisou seu campeonato em meio à pandemia. O presidente Aleksandr Lukashenko ficou conhecido por negar a gravidade da doença, receitando à população que tratasse dos sintomas do coronavírus com vodka e sauna. Teoricamente, a única medida adotada pelo governo foi fechar os portões dos estádios. Ainda assim, alguns torcedores furaram o bloqueio e foram assistir à partida entre FC Dynamo Brest e Isloch Minsk, há cerca de um mês.
Embora o governo alegue que não houve mortes, o Instituto Johns Hopkins, referência mundial na contagem de casos da doença no mundo, contabiliza 146 casos de óbitos no país.
Nicarágua conheceu seu campeão
Outro campeonato que não parou e, inclusive, conheceu um campeão foi na Nicarágua. No dia 9 de maio, o Real Estelí venceu o Managua, fora de casa, por 3 a 1, e conquistou o título nacional. Se as arquibancadas estavam vazias, dentro de campo os jogadores se abraçaram e, sem máscaras, levantaram a taça, posando juntos para fotos. No país da América Central, governado pelo ditador Daniel Ortega, nenhuma medida sanitária foi adotada. Pelos dados apresentados pelo Instituto Johns Hopkins, oito mortes foram diagnosticadas.