Uma reunião às 14h desta quarta-feira (13) vai definir os rumos do Gauchão 2020. Os clubes votarão a proposta da Federação Gaúcha de Futebol (FGF) que apresenta duas mudanças na fórmula para o restante do campeonato: não haverá rebaixamento e serão aceitas novas inscrições de jogadores. A ideia é retomar os jogos nos últimos dias de julho ou nos primeiros de agosto, de acordo com o cenário do Estado no combate ao coronavírus. Recebendo o sim das autoridades sanitárias, a bola voltará a rolar, e a competição será finalizada no campo. Obviamente, as partidas ocorrerão sem torcida.
Um fato curioso impediu que a proposta da FGF fosse aprovada na terça-feira mesmo e já apresentada ao Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), órgão responsável por validar mudanças em regulamentos em meio a competições: o presidente do Brasil-Pel, Ricardo Fonseca, ficou sem bateria no celular. Fora da parte final da reunião, não pôde votar. Quando finalmente conseguiu carregar o aparelho, ligou para o colega Gilmar Schneider, mandatário do Pelotas, para buscar as informações. Ao ser informado dos últimos detalhes, confirmou que votará a favor da proposta.
O voto xavante foi o único que faltou. Todos os demais clubes sinalizaram positivamente para o plano de retomada do Estadual.
Com a nova proposta, o Gauchão 2021 terá 14 participantes — já que a Divisão de Acesso também será finalizada em campo e manterá dois times subindo para a elite do futebol gaúcho — e quatro rebaixados, devolvendo o número atual, 12, para a edição de 2022.
Outra mudança será a liberdade de inscrições. Os clubes poderão incluir novos atletas em suas listas, que não terão mais restrições. Assim, os representantes em competições nacionais, por exemplo, montarão seus grupos já pensando no futuro do calendário. Os atletas devem ser chamados para reapresentação na metade de julho. Eles passarão por um período de intertemporada, e a ideia é jogar depois de duas semanas, se houver condições pelos órgãos de saúde.
No entendimento dos dirigentes, o fim do rebaixamento seria a medida adequada para contrabalançar a mudança nos grupos de jogadores. As novas contratações poderiam causar um desequilíbrio técnico ainda maior neste momento. Até então, cinco clubes corriam mais risco de queda: Brasil-Pel, que tem oito pontos; Novo Hamburgo e Juventude, com seis; Pelotas, que somou cinco pontos; e São Luiz, quatro — se considerada a classificação geral.
— Quando tivermos as atas da reunião, vamos encaminhar essa aprovação para as entidades, e mantemos constante conversa com o governo do Estado e com as prefeituras — comentou o presidente da FGF, Luciano Hocsman.
Repercussões
A proposta encontrou aprovação unanimidade entre os dirigentes. Grêmio e Inter, os dois que estão treinando em seus CTs, elogiaram a iniciativa.
— A proposta da FGF é exequível. Temos muitos patrocinadores envolvidos e há empresas de comunicação interessadas em manter o produto nas suas grades. O Inter é parceiro da FGF e dos outros clubes. Queremos manter o Gauchão, que é um produto nosso e que tem mais de 100 anos de história — comentou o vice-presidente do Inter, João Patrício Herrmann, representante colorado na reunião, e que, mais cedo, havia acenado com a possibilidade de ajudar os clubes do Interior emprestando jogadores da equipe sub-20 para que pudesse finalizar em campo a competição.
O Grêmio, por sua vez, foi representado pelo presidente Romildo Bolzan Júnior e também deu o aval para que a proposta seja aceita:
— Votamos a favor pelo desequilíbrio gerado (pela pandemia).
Fim do rebaixamento e liberdade de inscrições à parte, um dos pontos mais elogiados da reunião foi a estimativa de data para voltar a jogar. Sem ela, não havia nem sequer cogitação para reconvocar os jogadores e as comissões técnicas para voltar ao trabalho nos estádios. Com um plano, é possível ao menos estabelecer um norte. Com a nova perspectiva, contratos poderão ser suspensos, dentro da lei, e retomados quando as competições estiverem mais próximas de seu retorno.
O Pelotas, por exemplo, vai marcar sua reapresentação para 15 de julho. Até lá, estabelece contatos, monta uma estratégia de mercado e reinicia sua temporada.
— Tínhamos muitas incógnitas até hoje. A partir de agora, temos um cenário para poder trabalhar — analisou o presidente Gilmar Schneider.
O Caxias, campeão do primeiro turno, repetia sempre que era a favor de seguir o campeonato, quando possível, e disputá-lo até o final. Para o presidente do clube, Paulo Cesar Santos, a prioridade é buscar o menor impacto financeiro possível. A tendência também é de reapresentação na metade de julho.
— Temos de honrar disputa do campeonato e compromisso com os patrocinadores — declarou.
Para o presidente do Novo Hamburgo, Raul Hartmann, a proposta foi coerente com a necessidade dos clubes. A partir de agora, o dirigente poderá prever o cenário e avaliar as necessidades para contratações:
— Não adianta fazermos reuniões a cada 10 dias e querer acelerar o processo, porque não pode ser acelerado. Se forçássemos a volta nos próximos 20 dias, correríamos o risco de ter interdição na sequência, porque não temos garantia de que não aconteceriam contaminação. Não tem de acelerar, o prazo está bom.
Na visão do presidente do Juventude, Walter dal Zotto Júnior, a intenção de todos os clubes, de terminar o campeonato dentro de campo, valoriza o Gauchão. Segundo ele, o fim do rebaixamento faz justiça à liberação de inscrições, uma vez que poderia gerar desequilíbrio técnico. A comissão técnica seguirá monitorando os jogadores a distância e a ideia é que todos estejam em Caxias do Sul daqui a pelo menos um mês.
— Tem uma sinalização, pelo menos, de retorno, que vai nos permitir voltar aos treinamentos. Mesmo que a data seja revista, é um horizonte inicial.