As reclamações do Grêmio contra a arbitragem da final da Libertadores suscitaram no Brasil um debate sobre uma suposta força política que o Lanús teria na Conmebol. A boa relação existe, confirmada pela imprensa argentina, mas o tema divide opiniões inclusive entre os jornalistas locais.
É notório que os dirigentes do clube possuem boas relações nas entidades esportivas. O atual presidente, Nicolás Russo, pertence ao comitê executivo da AFA (Associação de Futebol da Argentina). Segundo os jornais locais, o seu antecessor no cargo, Alejandro Marón, chegou a ser cotado para presidir da AFA em janeiro, com apoio da Fifa e da própria Conmebol, onde já trabalhou como assessor jurídico.
Porém, diversos jornalistas que acompanham o Lanús e a política do futebol argentino divergem sobre o tamanho desta força institucional e qual peso ela tem nas conquistas (não só) esportivas do Lanús.
— Maron e Russo são pessoas muito corretas. O Lanús é uma equipe pequena da Argentina, que cresceu muito nos últimos dez anos. É muito difícil conquistar isso sem bons dirigentes. Existe sim uma força política importante na Conmebol e na AFA, mas sempre tratando de fazer as coisas pelo caminho correto — avalia o repórter Sebastián Quadrelli, da Directv Sports, da Argentina.
Por outro lado, há cronistas que recomendam que o Grêmio esteja alerta com a influência do Lanús na Conmebol.
— Seguramente os dirigentes do Grêmio têm que estar alertas. O presidente do Lanús é amigo do presidente da AFA e do presidente do Boca, que têm muita força política. Alejandro Marón, ex-presidente do Lanús, sempre teve muita força na Conmebol. Hoje, o Lanús tem muito mais peso na Conmebol do que tinha há muito tempo — contrapõe o jornalista Germán Garcia, do canal de TV Tyc Sports.
A maior parte dos cronistas argentinos ouvidos pela reportagem porém, apesar de confirmar o bom relacionamento político do Lanús nas entidades esportivas, descarta qualquer possibilidade de interferência em questões de campo, como arbitragens.
— O Lanús é uma equipe pequena. Estou convencido que as más arbitragens são recorrentes na América do Sul. Os árbitros são ruins e os critérios para utilização da tecnologia também. O Grêmio tem que estar mais preocupado com uma má arbitragem na revanche do que com uma suposta tendência de favorecer o Lanús — opina o jornalista Alejandro Panfil, do jornal La Nación.
— Ter tido Alejandro Maron como presidente não significa ter peso na Conmebol. Se o Lanús tivesse peso na Conmebol, ganharia Copa todos os anos. Somos uma equipe pequena. Estamos incomodando porque estamos ganhando — pondera o repórter Adrian Santagada, torcedor do Lanús e apresentador de um programa semanal sobre o clube na Rádio Rivadavia.