Sobraram protestos ao árbitro Julio Bascuñan após a vitória do Grêmio por 1 a 0 sobre o Lanús no jogo de ida da final da Libertadores, na Arena. A vantagem conquistada nos minutos finais, com gol de Cícero, poderia ter sido maior se o chileno tivesse apitado pênalti claro sobre o atacante Jael já nos acréscimos da partida.
Ainda no gramado, as reclamações dos jogadores foram intensas. Na entrada do túnel de acesso ao vestiário, o técnico Renato teve de conter o zagueiro Kannemann, indignado não só pelo pênalti, mas também pelo terceiro cartão amarelo, recebido de forma injusta, que o tirou da decisão da próxima semana na Argentina. O vice de futebol, Odorico Roman, vociferou nos microfones, com um discurso forte ao também reclamar de pênalti não marcado sobre Ramiro, no primeiro tempo.
— O juiz veio para administrar, não deu cartão amarelo para quem tinha deles, não deu um pênalti escandaloso no Jael. Então porquê tem árbitro de vídeo se ele não quer usar? Ele veio aqui tirar o Kannemann do jogo (de volta, na Argentina) e não tirar ninguém deles. Ele não contava com o gol do Grêmio, se não teria sido perfeita a arbitragem dele — desabafou Roman.
O técnico Renato Portaluppi, que deu entrevista ao lado de sua filha Carol no auditório da Arena, cobrou explicações da Conmebol sobre o lance em cima de Jael. Embora tenha saudado a vantagem conquistada com um "gol chorado", disse que até o cantor Stevie Wonder, que é cego, teria marcado a penalidade ao final do jogo.
— Vocês viram ali, só vou perguntar para a Conmebol do tal do vídeo. É inadimissivel o árbitro estar a três metros do lance e ter que usar vídeo. O Stevie Wonder não precisaria do vídeo para dar penalti. Porquê não foi usado o vídeo? É isso que quero saber da Conmebol. Foi pênalti legítimo. Ali a gente poderia ter ampliado nossa vantagem — declarou Renato.
O treinador também falou sobre o desfalque de Kannemann na decisão na Argentina:
— Falar de arbitragem é chover no molhado. O jogador empurrou o Kannemann, nem o jogador deles merecia o amarelo. Menos o Kannemann. Tirou ele da final, como não vai ficar irritado e chutar porta? Se eu abrir demais os braços e reclamar, é capaz de me expulsar. Espero que a Conmebol tenha visto isso tudo. Que na Argentina a gente tenha uma arbitragem totalmente diferente.
O tom exaltado contra a arbitragem também marcou o discurso dos jogadores na saída de campo. Até mesmo o goleiro Marcelo Grohe, que raramente perde a calma, saiu de campo gritando contra Bascuñan. Nos microfones, o lateral-esquerdo Bruno Cortez e o meia Ramiro também foram contundentes.
— Para que tem árbitro de vídeo se eles olham dois pênaltis e não dão? Para que tem árbitro de vídeo? — vociferou Cortez.
— Foi pênalti claríssimo. Só se eu estou muito cego. Tive uma carga nas costas e um carrinho pela frente e a bola ficou parada. Ele falou que o árbitro de vídeo revisou e não foi pênalti. Se a arbitragem decidiu isso, temos que tentar acreditar que eles foram corretos — disse Ramiro sobre a penalidade não marcada no primeiro tempo.
Mas não foi somente o Grêmio que perdeu um jogador por suspensão para a grande final em La Fortaleza na próxima quarta-feira. O zagueiro Braghieri, do Lanús, também levou o terceiro amarelo e será desfalque na decisão. Para o técnico Jorge Almirón, da equipe argentina, a atuação de Bascuñan não foi decisiva para o resultado do jogo.
— O árbitro foi bem, a jogada do amarelo ao Braghieri foi normal — observou Almirón.
Para o jogo decisivo em La Fortaleza, o grande favorito a ocupar a vaga de Kannemann na zaga do Grêmio é Bressan. Na prática, será o mesmo desafio que o zagueiro teve contra o Cruzeiro, na semifinal da Copa do Brasil, em que teve de substituir Geromel, lesionado.
— Vamos ver quem vai jogar no lugar do Kannemann. Estou tranquilo, está todo mundo bem — disse Renato.