Renato pretendia levar uma vantagem, por mínima que fosse, para o jogo de volta. E conseguiu. Sem forças para superar pelo chão um adversário de marcação organizada, o técnico recorreu ao lance aéreo, no segundo tempo, e foi certeiro em sua aposta nos grandalhões Jael e Cícero. No primeiro ato da final da Libertadores, o Grêmio venceu ao Lanús por 1 a 0, na Arena, diante de mais de 55 mil torcedores, e será tricampeão da Libertadores se empatar o jogo de volta, dia 29, fora. Por uma semana, a respiração tricolor permanecerá em suspenso.
Uma nuvem de fumaça, sinalizadores e papel picado escondeu a Arena quando o Grêmio entrou em campo. O torcedor, que havia chegado ao estádio em excursões desde o início da manhã, avisava que pretendia fazer sua parte, empurrando o time e, ao mesmo tempo, desfrutar do espetáculo mais aguardado da temporada. A fumaça, porém, foi tão forte que fez muita gente puxar a camisa para proteger o nariz.
Quando o jogo se iniciou, eram claros os objetivos das duas equipes. Mandante, o Grêmio buscava fazer tantos gols quantos fossem possíveis para encaminhar o título.
Visitante, o Lanús cuidaria somente de não ser vazado, para garantir o título em casa, dia 29. Quando a teoria virou prática, tudo se inverteu. Maduro, o time argentino não sentiu a pressão de uma Arena lotada e jogou com uma assombrosa tranquilidade, que lhe permitiu trocar passes até mesmo nas imediações de sua área, na frente dos aparentemente intimidadados atacantes do Grêmio. Mais do que isso, foi o Lanús quem criou as mais claras oportunidades para marcar.
A primeira delas foi o ponto final de uma sucessão de passes que se estendeu por dois minutos angustiantes para a torcida e que fizeram Renato Portaluppui abrir os braços, cobrando maior ação de seus jogadores. Na conclusão do lance, Martínez bateu cruzado, de fora da área, e Marcelo Grohe brilhou pela primeira vez na noite.
Nada perto do que o goleiro do Grêmio faria a 39 minutos. Depois de cobrança de escanteio do lado direito, o zagueiro Braghieri saltou e cabeceou no canto esquerdo. Seria gol, não fosse a monumental defesa de Grohe, certamente um dos maiores personagens desta campanha do Grêmio.
Faltou ao Grêmio, desde o começo do jogo, capacidade de imposição. O time pareceu não ter a pressa que a aprtida exigia, como que entendendo que marcar o gol seria questão de tempo. A cinco minutos, Jailson antecipou-se e fez boa abertura na esquerda para Fernandinho, que cruzou errado, mas mãos do goleiro, desperdiçando o primeiro ataque do time.
A rigor, as chances germistas nasceram de erros do goleiro Andrada, em duas saídas erradas. Aos 25, seu passe foi parar nos pés de Ramiro, que chutou fraco, sem direção. Aos 44, quase uma repetição do lance anterior. Desta vez, a bola foi na direção de Arthur, que não conseguiu concluir.
Tão preocupante quanto o desempenho do Grêmio no primeiro tempo foi o cartão amarelo recebido por Kannemann. Foi o terceiro, que tira o argentino do jogo de volta.
A primeira etapa se encerrou com a queda de Ramiro dentro da área, em disputa com dois zagueiros. Apesar dos protestos, o árbitro Julio Bascuñan não assinalou pênalti.
Sem mudanças, o Grêmio tentou acelerar o ritmo no segundo tempo, ainda que o Lanús seguisse irredutível em sua estratégia de encutar espaços por força de uma rigorosa marcação com quatro jogadores na frente da área. A única chance, porém, foi em cobrança de falta por Edilson, mas a bola foi para fora. De resto, os cruzamentos na direção de Lucas Barrios sempre paravam na cabeça dos zagueiros.
No mesmo instante em que Renato chamou Everton para o lugar de Fernandinho, Cortez arriscou de longe e Andrada salvou a escanteio.
O volume não aumentou muito, para desconsolo da torcida. Aos 17, em cruzamento de Geromel, Jailson cabeceou por cima. O Grêmio usava mais os laterais, mas nem Edilson, nem Cortez acertavam os passes para um apagado Lucas Barrios, substituído pouco depois por Jael. A nova oportunidade veio em chute de Jael, de fora da área, a 32 minutos, nas mãos de Andrada.
E foi o contestado Jael que, aos 37 minutos, aparou cruzamento de Edilson e de, cabeça, colocou Cícero na frente de Andrada para afzer 1 a 0. A Arena, enfim, explodiu de alegria. Lançados para o ar, os sinalizadores interromperam por dois minutos o jogo.
Nos acréscimos, o lance que poderia dar ao Grêmio uma vantagem ainda maior: Jael foi empurrado na área, mas o árbitro nada marcou, para desespero dos jogadores gremistas. Mas ao menos a vantagem mínima estava garantida. A festa, que começou em casa, poderá ser completada dia 29, no alçapão de La Fortaleza.
LIBERTADORES, FINAL (IDA), 22/11/2017
GRÊMIO: Marcelo Grohe; Edilson, Geromel, Kanneman e Cortez; Jailson (Cícero, 26'/2º) e Arthur; Ramiro, Luan e Fernandinho (Everton, 11'/2º); Lucas Barrios (Jael, 28'/2º)
Técnico: Renato Portaluppi
LANÚS: Andrada; Gómez, Guerreño, Braghieri e Velásquez (Aguirre, 33'/2º); Marcone, Martínez e Paschini; Silva, Sand e Acosta.
Técnico: Jorge Almirón
Gol: Cícero (G), a 37 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Kannemann, Jailson, Cícero (G), Acosta, Velásquez, Braghieri (L)
Arbitragem: Julio Bascuñan, auxiliado por Carlos Astroza e Christian Schiemann (trio chileno)
Renda: R$ 6.526.427,00
Público: 55.188 (51.256 pagantes)
Local: Arena do Grêmio
PRÓXIMO JOGO - BRASILEIRÃO
26/11/2017, DOMINGO, 17H
GRÊMIO X ATLÉTICO-GO