O esteio da defesa do Inter chegou a se despedir dos companheiros, recolher suas coisas e viajar. Mas a negociação com o Betis falhou por conta do fair play financeiro dos espanhóis, e isso manteve Vitão no Beira-Rio, para a sorte de Roger Machado e dos colorados. O zagueiro se tornou a maior referência do setor e sabe-se lá como estaria a equipe se ele tivesse sido negociado realmente.
É que, com o decorrer do ano, os demais colegas de setor foram deixando o time. Robert Renan foi para o Al-Shabab, da Arábia Saudita, Igor Gomes está no Al Ahli, de Dubai, e Mercado sofreu uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Assim, do grupo que iniciou o ano, sobrou apenas Vitão, que tem formado dupla ora com Rogel ora com Clayton Sampaio, ambos contratados na janela de meio de temporada.
Suas atuações lhe colocam de referência inclusive dentro do grupo. Prova disso foi ter terminado o jogo contra o Criciúma com a braçadeira de capitão, após a saída de Alan Patrick. Uma novidade na carreira e um indicativo de sua importância para o time.
Apesar de tanta ascensão e de atuações acima da média, ainda está correndo atrás de uma vaga na Seleção. Presença nas convocações da base, ele não foi chamado para a principal, apenas para a olímpica. Encontra algumas explicações, como falou em entrevista coletiva nesta quarta-feira:
— Sobre a Seleção Brasileira, como vocês sabem, nós que jogamos aqui no Sul temos de fazer o dobro para ter o reconhecimento. O Alan Patrick, por exemplo, se jogasse no eixo estaria na Seleção, porque está merecendo e vem sendo nosso protagonista. Com certeza se tivesse ido para a Europa, eu estaria no radar.
Ida para a Europa
A ida frustrada para a Espanha, porém, não afetou o desempenho do zagueiro. Ao retornar da viagem, conversou com Roger e disse a frase que convenceu o treinador a aproveitá-lo novamente:
— Falei que estava 110% com a cabeça aqui. Tivemos uma conversa olho no olho. Ele me disse que eu ia correr atrás do meu momento. E eu super entendi. Continuei trabalhando e consegui retomar minha vaga.
Mas o sonho europeu não está longe. A qualidade das exibições do zagueiro ao longo do ano e sua idade (24 anos) o candidatam a ser a próxima venda colorada. Especulou-se recentemente um interesse do Napoli, mas ainda sem qualquer proposta oficial. O Inter trabalha com um valor na casa dos 10 milhões de euros (cerca de R$ 61 milhões). Os gaúchos são detentores de 80% dos direitos econômicos do atleta, que chegou ao Beira-Rio inicialmente por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia.
— Não sou de pular do barco, como falam. Aceitei a proposta do Betis porque ia ser bom para o clube também. Tudo tem o tempo para acontecer. Era para eu permanecer aqui, era para continuar dando alegria e acho que grandes coisas estão por vir. Tenho contrato (até dezembro de 2026). Sempre falo da felicidade de estar aqui. Vi essas notícias (sobre o interesse do Napoli), mas não chegou nada para mim ou para o clube. Não é novidade para ninguém que sou feliz aqui e espero conquistar muitas coisas aqui — resumiu.
Para ficar com essa tranquilidade, Vitão tem feito um trabalho especial também no aspecto mental. Segundo ele, é uma parte tão importante como a física. Por isso dá atenção extra às questões psicológicas.
É assim que Vitão se consolida no time. Talvez não dê tempo de ser campeão, já que os cofres clamam por dinheiro, e o zagueiro é uma possível fonte. Mas está consolidado no grupo e também entre os torcedores.
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