Mano Menezes deixou o Inter em julho de 2023. E para seu lugar, o escolhido foi Eduardo Coudet. Teria de cavar muito no mercado para encontrar uma troca que gerasse mais polêmica e repercussão do que essa no Beira-Rio.
De correntes distintas, centros de amor e ódio extremados, os dois técnicos voltam a ser encontrar nesta quinta-feira. Às 20h, no Maracanã, pela 14ª rodada do Brasileirão, o treinador estreia pelo Fluminense, justamente contra os colorados, que estão ainda mais desfalcados do que o costume. Exatamente como há dois anos, mas com camisas invertidas.
A primeira partida de Mano comandando o Inter foi no Maracanã contra o Fluminense de Abel Braga, com vitória gaúcha por 1 a 0. Daquele jogo em diante, o treinador iniciou um trabalho de recuperação após desempenhos desastrosos de Alexander Medina, seu antecessor. De fato, o técnico natural de Venâncio Aires alcançou bons resultados, como fez questão de lembrar na entrevista coletiva de apresentação nas Laranjeiras:
— Por coincidência, no Internacional, eu estreei diante do Fluminense, no Maracanã, há dois anos. Parece que faz tanto tempo que o pessoal esqueceu que eu fui vice-campeão com 73 pontos. Nestes dias, eu estava lendo que meus últimos trabalhos tinham sido todos ruins. Não é bem assim. É que a gente está rápido, mais rápido do que nunca e acaba esquecendo tudo.
Apesar da campanha positiva no Brasileirão, Mano também saiu com o carimbo de ter sido eliminado pelo Melgar na Copa Sul-Americana, em casa. O segundo lugar, porém, lhe garantiu a extensão do contrato para 2023, e aí tudo desandou.
Se não havia enfrentado o Grêmio em 2022 (o rival estava na Série B), o reencontro com o time que lhe abriu portas na elite nacional foi ruim. Em dois clássicos, duas derrotas. A segunda foi a quarta de uma série de quatro jogos seguidos perdendo. E mesmo assim, foi mantido no cargo. Como já havia sido mesmo tendo caído na semifinal do Gauchão e sendo eliminado pelo América-MG na Copa do Brasil.
Provocações
A demissão veio em julho, e coincidiu com Coudet livre no mercado após sair do Atlético-MG. O cenário era indesejado. Mano já havia alfinetado Coudet em abril, quando o argentino criticou alguns jogadores do Galo.
— A gente nunca vai chegar aqui e falar mal do nosso grupo. Não tem sentido. É uma burrice sem tamanho. Semana passada, eu vi um treinador fazer isso, até bem famoso na praça, e estão discutindo se fica ou se não fica, porque esse é o grande pecado que um treinador pode fazer com seu grupo — disse, em coletiva no Beira-Rio.
Coudet preferiu manter o tom político, de chamá-lo de "gran entrenador". O mesmo que fez quando foi anunciado pelo Inter, quando citou que ligou para Mano antes de aceitar a oferta do presidente Alessandro Barcellos.
Em novembro, Mano Menezes voltou a soltar uma indireta ao Inter, e a Coudet. Após um empate colorado combinado a uma vitória corintiana, então time do treinador, disparou:
— Tinha gente olhando para cima, falando em Libertadores, e já está abaixo da gente. Então, tem de se cuidar. O futebol ensina muito.
No fim do Brasileirão, porém, o Inter ficou na frente do Corinthians, com direito a vitória em São Paulo, a primeira da história colorada na nova casa corinthiana. Coudet tem um histórico superior ao de Mano nos confrontos diretos, são três vitórias e uma derrota em quatro encontros.
Desfalques
Mas a chegada do treinador ao Fluminense renova o ânimo do campeão da América (e atual lanterna do Brasileirão), que contará também com a volta de André, recuperado de lesão. No caso colorado, as notícias mais recentes causaram uma série de problemas. O clube informou que Bustos (trauma torácico), Vitão (desgaste muscular), Thiago Maia (edema muscular na coxa esquera), Aránguiz (edema ósseo nos tornozelos) e Wesley (osteíte púbica) estão fora da partida.
Coudet terá de se virar para manter o histórico vencedor contra Mano.