Ex-jogador e ídolo do Inter, D’Alessandro atua na linha de frente das campanhas que arrecadam mantimentos para vítimas da enchente no Rio Grande do Sul. Na manhã desta sexta (10), ele concedeu entrevista à Rádio Gaúcha e pediu união das pessoas no momento de maior tragédia ambiental da história do Estado. O argentino irá retomar o "Lance de Craque", jogo beneficente que realizou entre 2014 e 2019.
— É um momento de união. Cada postagem que se faça pedindo ajuda recebe comentários políticos, falando para não mandar para tal lugar ou outro. Isso não faz sentido. Temos que acreditar no ser humano, na pessoa. Coisas que já passamos como a pandemia, a enchente de setembro e essa de agora só igualam a todos nós. Não adianta ter grana, dinheiro não soluciona. Ajuda é comprar coisas como a gente tem feito, se mobilizando — declarou D’Ale.
O argentino ressaltou as diferenças de cada momento na ajuda. Ele afirmou que futuramente participará de campanhas para a reconstrução de casas. D’Alessandro destacou que, independentemente da forma, o importante é cada um contribuir como pode.
— As prioridades são diferentes a cada dia. Nos primeiros dias a prioridade era salvar as pessoas que saiam da água com frio, sem roupa, era por marmitas prontas. Hoje é muita roupa, brinquedo para crianças, comidas e remédios porque tem muita gente doente. A gente vê de tudo, gente chorando — declarou o argentino, que falou sobre iniciativas de outros jogadores ligados tanto a Inter quanto ao Grêmio.
— Nós temos a obrigação de mostrar o outro lado. Nós somos seres humanos, somos cidadãos, vamos ao supermercado, passeamos com o cachorro. As pessoas têm uma visão diferente, mas somos todos iguais. O que muita gente está vivendo hoje é de onde quase 90% dos jogadores saíram, de não ter nada. Isso nos faz lembrar do começo e o carinho desse guri que veio me abraçar hoje feliz sem ter nada. Ele estava dormindo e se levantou quando me viu. Isso nos dá força — disse D’Alessandro, que citou o caso de um torcedor do Inter que perdeu quase tudo, mas falou com ele sorrindo por ter saído com um casado do clube.
— Um rapaz me viu e me chamou. Com o casaco do Inter na mão ele gritava e dizia: eu perdi tudo, mas o casaco eu consegui salvar. E me pediu para assinar. Olha o relato do cara, ele perdeu tudo, mas sorria com o casaco do Inter — contou o ex-jogador.