O presidente do Inter, Alessandro Barcellos, não queria, mas possivelmente será forçado a pensar em futebol a partir do final da semana. Com funcionários e atletas afetados pela enchente, alguns deles com casas severamente prejudicadas, com Beira-Rio e CT Parque Gigante submersos pela enchente, tem de lidar com os calendários brasileiro e sul-americanos que espremem competições.
A CBF adiou partidas até 27 de maio. Mas dia 28, em tese, há jogo pela Sul-Americana, e a Conmebol não sinalizou mudanças. Entre uma reunião e outra, de olho no nível do Guaíba, que finalmente reduziu, o dirigente atendeu a reportagem.
Que atualizações tem sobre o clube e jogadores, funcionários nesses dias?
O Guaíba baixou muito pouco ainda, e estamos na expectativa de chuvas fortes no final de semana. É difícil falar qualquer coisa sobre previsibilidade de consequências materiais. O que temos são funcionários que perderam casas, outros tiveram de abandonar porque estavam sem água, luz, mantimentos, ou ilhados.
Jogadores buscaram maior segurança, com crianças, bebês. E muitos estão na linha de frente, tanto salvando vidas quanto no trabalho de apoio, preparando comida, ajudando nos abrigos. E continuam. Então esse é o momento que estamos vivendo. Fora isso, só podemos aguardar que as coisas melhorem. E não sabemos quando isso acontecer. O segundo momento vai ser o levantamento das consequências e a mobilização para recuperar isso.
Como estão as propriedades do clube?
O CT Parque Gigante e o Beira-Rio vocês sabem, as imagens mostram. Em Alvorada (CT da base), foi um pouco menos impactado. Mas carece de cuidados porque está próximo ao Arroio Feijó.
A previsão é de voltar aos treinos na segunda-feira?
Estamos reavaliando.
Vai depender da situação?
Isso. Mas ao mesmo tempo, temos uma pressão do outro lado. Alguns jogos não foram desmarcados. Temos um confronto com o Belgrano no dia 28. É um desafio imenso, de não só estar em campo, mas também competir.
E em algum lugar ainda.
Exatamente, tem isso. Teríamos 19 dias até o jogo. E estamos parados há algum tempo. Ainda não estamos pensando nisso, não é hora. Mas se a Conmebol não encontrar outra solução, vamos precisar enfrentar essa realidade.
Como estão as conversas com Grêmio e Juventude sobre uma paralisação do Brasileirão?
Não conversamos necessariamente só para paralisar. Falamos sobre a situação como um todo. Diariamente, atualizamos a situação de cada clube. A paralisação é uma pauta que está surgindo, alguns clubes se manifestaram. Mas, para mim, é a CBF quem deveria tratar desse assunto. E não Inter, Grêmio e Juventude reivindicar.
Fornecemos todas as informações para que todos tenham a real dimensão do que estamos vivendo. A partir daí, cabe a quem tem responsabilidade tomar a decisão. Pensamos apenas na sobrevivência das pessoas. Não queremos pensar em jogo, campeonato. Mas a situação de ter partida no dia 28 nos obriga a pensar nisso mesmo com milhares de pessoas fora de casa.
Teve essa conversa sobre paralisação na Liga Forte União, à qual o Inter integra?
Não teve. Recebemos muita solidariedade, uma disposição de tratar do assunto na LFU. Mas não um posicionamento. Tem clubes a favor, como o Botafogo, e outros contra, como o Atlético-GO. Mas não nos reunimos para deliberar sobre esse assunto.