Em meio à tragédia que assola o Rio Grande do Sul, o alento tem sido a solidariedade. Milhares de pessoas no estado, e fora dele, se prontificam para ajudar a amenizar a situação dos mais de um milhão de gaúchos diretamente afetados pela enchente.
Entre esses, está a família da meia Xing, do Brasil de Farroupilha. Com 20 anos, a atleta, que também já passou por Grêmio e Juventude, viu familiares tendo de abandonar suas casas e optar por sobrevivência na Zona Norte de Porto Alegre. Moradores do bairro Sarandi, saíram de suas residências no sábado (4) e, de longe, viram a água tomar conta de tudo que construíram.
— No sábado, minha mãe mandou foto e a rua estava seca. Depois, à noite, já tinha água até no telhado das casas. Subiu muito rápido. Quando eles perceberam que estava subindo e não ia parar, porque já estava entrando no pátio das casas, minha mãe e minhas tias se prepararam para sair junto com as crianças. Meu pai e meus tios ficaram por lá, tentando levantar as coisas e vendo se ia parar. Só que não parou, e eles tiveram que sair já precisando de ajuda. Porque a água estava bem alta — conta a atleta, que também acumula passagens por Grêmio e Juventude.
Da avó, Vera, de 68 anos, até a prima Aurora, de quatro, toda a família de Xing foi afetada. Atualmente, no entanto, estão em segurança, graças à solidariedade de Fátima, chefe de sua tia, Nina.
— Agora, eles estão seguros. Uma patroa de uma tia minha tinha duas casas disponíveis, que não estavam usadas, e disponibilizou para a minha família. São 15 pessoas numa casa e quatro em outra, que é menor — completou:
— Em Porto Alegre, eles moram todos na mesma rua. A minha casa, da minha avó e a da minha tia eram praticamente no mesmo pátio. A gente tinha acesso livre de uma casa para a outra.
Distante de Porto Alegre, Xing não presenciou o drama familiar. Desde o dia 29, segunda-feira, retornou a Farroupilha para treinar com a equipe feminina do Brasil-Far, que disputa o Brasileirão A-3. De longe, tenta auxiliar com o que pode.
A principal necessidade, agora, são roupas, cesta básica, colchão, produtos de limpeza e higiene, porque eles saíram praticamente com as roupas do corpo
meia do Brasil-Far
— Estou com o coração na mão por estar longe e vendo tudo que está acontecendo — completou:
— De perdas materiais, foi praticamente tudo. Porque a água chegou no telhado. De saúde, estão todos bem. Todo mundo bem alimentado. Tem de ter força e coragem para seguir. A principal necessidade, agora, são roupas, cesta básica, colchão, produtos de limpeza e higiene, porque eles saíram praticamente com as roupas do corpo — afirma.
A fim de sanar as necessidades de momento, a mãe de Xing disponibilizou um pix: (51) 98194-1872, em nome de Alin Manganelli Correia da Silva. A longo prazo, a atleta também organiza uma rifa com camisas doados por Brasil-Far e Juventude e pela meia Rafa Levis, do Grêmio, para angariar recursos e ajudar a reparar as perdas.
Pessoas precisam de pessoas a todo momento
meia do Brasil-Far
— A gente sabe que o Estado todo está passando por isso e que fica muito mais difícil sem o apoio das pessoas. Porque pessoas precisam de pessoas a todo momento. Desde ajudar a limpar uma casa, dar um apoio, conversar com as pessoas que estão passando por isso, porque o emocional, o psicológico pesa muito também. São momentos muito difíceis e a gente ajuda como pode, mesmo de longe. Procuramos quem está perto para ajudar de perto também. E eu peço, de verdade, que as pessoas se ajudem, porque isso faz toda diferença — finaliza.
O Brasil de Farroupilha também está organizando uma vakinha online para ajudar Xing e outros três atletas do time masculino que também perderam tudo: Ruan Eloy, Juan Rafael e Alan Schons. A meta é arrecadar R$ 100 mil (para ajudar, clique aqui).
Rifa solidária
Nesta sexta-feira (10), a meio-campista criou uma rifa para arrecadar R$ 10 mil e ajudar a família. São 2 mil números à disposição, e cada um custa R$ 5. Entre os prêmios, camisas de Palmeiras, Corinthians, Grêmio, Inter, Juventude, Brasil-Far e Caxias. Clique aqui para comprar.