Apresentado com a camisa 7 do Inter, Hyoran revelou que é colorado desde a infância. Mas, o que pouca gente sabe é que, antes mesmo de conquistar a confiança da torcida no Beira-Rio, o meia teve a aprovação de um gaúcho radicado no oeste de Santa Catarina.
Natural de Cachoeira do Sul, Celso Rodrigues foi jogador e, inclusive, passou pelas categorias de base do Inter na década de 1980. Mas, atuando como auxiliar técnico na Chapecoense em 2014, foi responsável por dar uma chance ao meio-campista no time profissional.
— Não falo com ele diariamente, mas já mandei mensagens dando os parabéns por todo o sucesso que ele alcançou. Quando ele foi campeão com o Palmeiras e depois com o Atlético-MG, na época do Bragantino também. A família dele reside aqui em Chapecó e estou sempre torcendo por ele. É um guri de caráter e índole fenomenal. Fico feliz por ter feito parte da caminhada dele — comenta ele:
— Ele era um jogador franzino, mas tinha muita qualidade. Quando acabou o Estadual daquele ano, ele seria dispensado pelo treinador que estava no comando, mesmo sendo um patrimônio do clube. Mas, começou o Brasileirão, o time foi perdendo, houve a troca do técnico e eu assumi como interino na parada da Copa do Mundo. O Hyoran veio conversar comigo para eu indicar ele para o Concórdia, onde eu conhecia algumas pessoas. Então, em uma reunião com a diretoria, coloquei o nome dele para trazê-lo de volta, para fazer parte do grupo.
Outro momento marcante na carreira de ambos remete ao trágico acidente que vitimou atletas, membros da comissão técnica e jornalistas em 2016. Na época, Celso tocava um projeto da Chapecoense em Concórdia, enquanto Hyoran fazia parte do elenco, mas não acompanhou a delegação a Medellín, onde o time disputaria a final da Copa Sul-Americana, porque estava lesionado.
— Perdi muitos amigos, colegas e irmãos. Tínhamos um elo de amizade muito forte. E, assim como o Hyoran, outros jogadores faziam parte do grupo e ficaram tristes por não estar naquela viagem, porque era o maior momento da história do clube. O goleiro Nivaldo, por exemplo, estava praticamente dentro do avião e aconteceu um imprevisto na passagem, tiraram ele e e colocaram outro no lugar. São coisas inexplicáveis — relembra Celso.
Com o passar do tempo, os caminhos dos dois se afastaram. Enquanto Hyoran foi vendido pela equipe catarinense, Celso se lançou como treinador no Operário-MS. Agora, de volta à Arena Condá, ele acompanha a distância a chegada do meia a Porto Alegre.
— Ele se encaixa perfeitamente no perfil dos dois jogadores. Ele reúne um pouco de Alan Patrick e de Mauricio. Com todo o respeito à história dos dois, mas ele pode jogar por dentro e pela beirada, porque tem qualidade técnica, aliada com velocidade e um arremate de longa e média distância. É intenso, se entrega e já provou a qualidade que tem fazendo esta função de meia-atacante e chegando na área — conclui.