O Inter chega à última rodada da fase de grupos da Libertadores em uma situação que talvez não esperasse. Em uma chave considerada fácil, imaginava-se que estaria classificado quando disputasse a sexta partida. Mas como venceu apenas o Metropolitanos-VEN, terá de buscar três pontos no Beira-Rio, contra o Deportivo Independiente Medellín-COL, a partir das 19h para não depender de um empate ou derrota do Nacional para avançar às oitavas de final. Ao mesmo tempo, é um bom momento na temporada: o time de Mano Menezes não perde há oito compromissos, praticamente todo mundo está à disposição e a torcida voltou a acreditar, serão ao menos 35 mil colorados nas arquibancadas do Beira-Rio.
Por mais que não fosse cabeça de chave, o Inter era o time mais badalado do grupo. Chegou à Libertadores credenciado pelo vice-campeonato nacional de 2022 e principais titulares mantidos. Os adversários não eram os mais temidos (havia possibilidade de enfrentar River Plate ou Boca Juniors, Atlético-MG, Argentinos Jrs, entre outros). Mas o campo falou diferente. Sem engrenar na temporada, o time gaúcho está sofrendo para avançar. Está invicto (é o último brasileiro nessa condição, aliás), mas só ganhou do venezuelanos. Empatou todos os demais confrontos. Se ficar em terceiro, disputará um playoff com algum segundo lugar dos grupos da Sul-Americana. O que seria uma frustração para uma temporada que prometia mais.
Ainda mais depois da festa de segunda-feira no Gigantinho. O investimento colorado para contratar Enner Valencia prevê Libertadores e não Sul-Americana. Quem contrata o terceiro maior goleador da Europa quer disputar a elite da América do Sul. Para o equatoriano voltar a sentir o gostinho de uma noite de Copa, o Inter terá de chegar às oitavas.
Os cofres do clube que o digam. Cada vitória na fase de grupos da competição representa US$ 300 mil (cerca de R$ 1,5 milhão). Chegar às oitavas dará mais US$ 1,25 (o equivalente a R$ 6 milhões). Na Sul-Americana, o prêmio só é entregue a quem chegar às oitavas, e ainda assim é de US$ 550 mil (algo como R$ 2,85 milhões). Pelo orçamento apresentado no início da temporada, o Inter previa disputar as quartas de final. Mas como foi eliminado precocemente da Copa do Brasil, ir mais adiante equilibraria o saldo.
Em campo, Mano Menezes terá força quase máxima. O departamento médico foi esvaziado. Mauricio e De Pena estão aptos a começar o jogo, há esperança de que Gabriel e Aránguiz fiquem no banco. Valencia ainda não tem condições legais (a janela de transferências abre em 3 de julho). Nico Hernández está suspenso pela expulsão contra o Metropolitanos. Há bastante opção para Mano diversificar o planejamento, montar uma equipe competitiva, que ataque com criatividade e defenda com força.
— Vamos ter a maioria dos jogadores à disposição. Não temos dúvida da dificuldade do jogo. É uma decisão, com uma pressão maior. Vamos estar preparados para não deixar escapar dessa vez — disse Mano Menezes na última entrevista coletiva.
Essa gama de atletas coincide com um bom momento de resultados. O Inter não perde desde maio. Entre os times do Brasileirão, é o que tem melhor campanha se forem recortados os cinco últimos jogos, com quatro vitórias e um empate. Nem o lado folclórico resistiu: o time venceu os quatro integrantes do Z-4, uma histórica dificuldade colorada. Não está jogando bem? Pode ser, mas os resultados apareceram. No fim de tudo, é o que importa.
A torcida parece ter voltado a acreditar. Mais de 30 mil colorados já haviam garantido presença na partida. Mesmo em um horário de trânsito complicado, a direção trabalha com expectativa de 35 mil pessoas para o jogo de número 300 no Beira-Rio pós-reforma.
— Ou a gente se classifica ou não. Temos capacidade de buscar a vitória, seja qual for a formação. É difícil chegar onde queremos, mas vamos trabalhar muito para todas as necessidades que o jogo vai apresentar — resumiu Mano Menezes.
É fase de grupos, mas vale como mata-mata. É hora de mudar a história das decisões.