O torcedor do Inter que invadiu o gramado do Beira-Rio com a filha de três anos no colo após a derrota nos pênaltis para o Caxias, domingo (26), que levou à eliminação da equipe na semifinal do Gauchão, foi indiciado pela Polícia Civil nesta quinta-feira (30). O inquérito indica os crimes de lesão corporal leve e invasão de campo.
Em contato com GZH, a advogada Thayane Martins Paixão, que defende o suspeito, um homem de 33 anos, que reside em Canoas, falou sobre o caso. Ela ressalta que seu cliente, que não teve o nome revelado para preservar a identidade da filha, cometeu um "ato impensado", "se mostra bastante arrependido" e "não teve a intenção de lesionar ninguém". Confira a entrevista.
O que ele alega que aconteceu naquele momento para que tenha entrado em campo com a menina no colo?
Ele estava assistindo à partida muito próximo da mureta que divide arquibancada do gramado. Com a decisão desfavorável ao Inter nos pênaltis, a torcida acabou avançando até a parte onde ele estava com a filha. Os próprios torcedores começaram a gritar no sentido de que fosse aberto o portão para que ele saísse daquela situação de risco próximo da mureta. Estava sendo pressionado, e por isso foi aberto por um dos seguranças do estádio.
Seu cliente disse à polícia que agrediu o jogador do Caxias e o cinegrafista da RBS TV por se sentir acuado. Por que ele teria ficado acuado naquele momento a ponto de agredir duas pessoas?
A partir de quando ele ingressa no gramado, já estava ocorrendo uma briga generalizada, um tumulto. Já estava instalada aquela situação de confusão. Ele não nega que tenha proferido os chutes, mas garante que não tinha a intenção de lesionar ninguém. Ele esclareceu à polícia que nem sequer conseguiu identificar o jogador, se era do Inter, do Caxias. Não houve esse dolo, essa intenção de praticar a lesão a alguém. Foi um ato impensado, ele não tinha noção de que estava tendo uma atitude de tamanha reprovação. Ele se mostra bastante arrependido. Ele não tinha noção da repercussão que teria, tanto que voltou para casa de transporte público, assim como foi para o estádio. Ele se mostra bastante arrependido, porque não é habituado à prática de atos criminosos. Ele não é uma pessoa de condutas reprováveis. A condução da filha ao estádio era uma prática comum, era parte da rotina da família.
A Justiça rejeitou o pedido do Ministério Público que poderia impedir o pai de ficar com a filha. Como a senhora e o seu cliente veem essa situação?
O juiz entendeu a situação. O episódio no jogo foi uma situação isolada. É até importante que se diga isso. Meu cliente está se preparando para conversar com a mídia. Primeiro está digerindo o que aconteceu, está se preparando para dar a versão dele publicamente e demonstrar para a sociedade que foi uma situação isolada. É um pai presente, cuidadoso, zeloso, tem um núcleo familiar sólido. Nunca iria expor a filha a situação de perigo.
Como seu cliente e a esposa estão lidando com toda essa repercussão negativa?
Eles estão super assustados, mas de qualquer modo estão colaborando. Eles conduziram a menina para o exame psicológico e físico também, para comprovar que não houve lesão nem trauma. Meu cliente até recebeu ameaças. Foram de fonte anônima, referindo que sabiam onde ele vivia. Nós estamos recolhendo as provas, de número de telefone que teria originado a ameaça, e vamos registrar boletim de ocorrência.
A senhora já imaginava esse indiciamento do seu ciente?
Expectativa já era essa, porque houve a representação pelo repórter, mas a nossa expectativa é demonstrar que não houve o dolo, a intenção. Ele nunca teve a intenção de expor a filha a perigo. Vamos demonstrar, também, que não houve invasão no gramado. A entrada dele no campo foi franqueada pelo segurança do estádio. Isso é uma situação que aparece nas imagens. A polícia tem as imagens dele no estádio, inclusive anteriores ao ingresso no gramado.
Seu cliente vai se manifestar publicamente para dar a versão dele do que aconteceu?
Imagino que isso deva acontecer nos próximos dias. Estamos respeitado o tempo dele.