A Polícia Civil indiciou, nesta quinta-feira (30), o torcedor do Inter que invadiu o gramado do Beira-Rio com a filha no colo após a derrota para o Caxias, domingo (26), pelos crimes de lesão corporal leve e invasão de campo. Na ocasião, ele agrediu um jogador do time da Serra e um cinegrafista da RBS TV.
O homem foi identificado e interrogado no dia seguinte ao jogo. No depoimento à polícia, ele confessou os fatos, alegando que praticou as agressões por "se sentir acuado". Além disso, a defesa do torcedor alega que o portão de acesso ao gramado foi aberto por seguranças do estádio, porque ele a a filha estariam sendo pressionados junto à muretas que dividem o campo das arquibancadas.
Após ouvir duas testemunhas que trabalharam no jogo e analisar as imagens enviadas pelo clube e por emissora de TV, o relatório final do inquérito afirma que, embora o portão tenha sido aberto por funcionários do Inter, o indiciado partiu em direção ao tumulto acessando partes do gramado sem autorização. Conforme o documento, "essa atitude não condiz com alguém que busca resguardar a segurança de sua filha". Além disso, o relatório indica que "a agressão ao jornalista, ao contrário da versão do suspeito, foi gratuita e não foi praticada em situação de defesa".
O laudo pericial enviado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) constatou a lesão corporal sofrida pelo cinegrafista, descrita como "na perna esquerda em região proximal ântero-lateral há escoriação, medindo dois centímetros por um centímetro e meio". O torcedor não foi indiciado pela lesão contra o jogador do Caxias, pois não houve representação da vítima, o que é necessário para investigar esse tipo de crime. Dudu Mandai tem até seis meses para apresentar a representação e declarou à polícia que pretende fazê-la após as partidas decisivas do Gauchão.
Desse modo, o relatório concluiu pelo indiciamento do indivíduo pelos crimes de lesão corporal (art. 129, Código Penal) e invasão ao campo (art. 41-B, caput, Estatuto do Torcedor). O inquérito foi remetido ao Juizado do Torcedor e Grandes Eventos da Comarca de Porto Alegre.
Dois inquéritos
Na Polícia Civil, o torcedor responde a dois inquéritos: além da lesão corporal, que foi concluído nesta quinta-feira (30), a Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca) o investiga por "submeter criança sob sua autoridade a vexame ou a constrangimento", com pena prevista de detenção de seis meses a dois anos em caso de condenação.
Este, porém, ainda não foi concluído e depende do resultado de perícia psicológica para apurar a extensão dos traumas sofridos pela criança. No entanto, a delegada Elisa Souza adiantou, em coletiva de imprensa na terça-feira (28), que o suspeito provavelmente ele será indiciado também por este caso.
— Nossa expectativa é demonstrar que não houve o dolo, a intenção. Ele nunca quis expor a filha a perigo e nem agredir ninguém. Primeiro que não houve invasão do gramado, porque a entrada dele foi franqueada pelo segurança do estádio. E já estava ocorrendo a confusão dentro do campo. Ele não nega que tenha proferido os chutes, mas ele garante que não tinha a intenção de lesionar ninguém. Ele esclareceu à polícia que nem sequer conseguiu identificar o jogador, se era do Inter, do Caxias. Não houve esse dolo, essa intenção de praticar a lesão a alguém — defendeu a advogada do suspeito, Thayane Martins Paixão, em contato com GZH.