O pai que invadiu o gramado do Beira-Rio segurando a filha de três anos no colo e agrediu um jogador do Caxias pode responder por um crime cuja pena vai até dois anos de prisão. A informação foi dada na manhã desta segunda-feira (27) pela titular da 2ª Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente, delegada Sabrina Teixeira.
Segundo a policial, o homem de 33 anos responderá pelo artigo 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), por "submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento". A pena prevista para este crime varia de seis meses a dois anos de prisão em caso de condenação.
Conforme a delegada Caroline Machado, diretora da Divisão Especial da Criança e Adolescente (Deca), a menina será encaminhada para exame para averiguar se ela sofreu alguma lesão. Quanto a um possível afastamento da filha do convívio com o pai, a polícia garante que testemunhas serão ouvidas para determinar como é a relação entre os dois.
— Vamos ver o que será levantado com as testemunhas. Temos de averiguar se oferece risco, como é a convivência diária. Tudo será verificado. Se for constato que ele pode colocar em risco a criança, medidas serão tomadas. Mas temos de investigar a vivência. Temos de ver qual a conduta desse pai no dia a dia, se foi um fato isolado ou não — afirmou Caroline.
A intenção da polícia é intimar o pai da criança, morador de Canoas, para prestar depoimento por volta de 15h desta segunda. Caso não seja encontrado, pode ser alvo de um mandado de busca, segundo revelou o titular da 2ª Delegacia da Capital, delegado Vinícius Nahan, em entrevista à Rádio Gaúcha. O torcedor não está tendo o nome divulgado para não expor a criança. A mãe da menina também será ouvida.
Além da questão relativa à filha, o sócio colorado responderá a um segundo inquérito. Foi instaurado um procedimento sobre lesão corporal leve contra ele em relação ao cinegrafista da RBS TV agredido pelo investigado dentro do campo.
Nahan ressalta que não houve flagrante porque o torcedor, após invadir o gramado e agredir as vítimas, saiu do estádio, por isso não foi nem submetido a uma audiência perante o Juizado do Torcedor. O Ministério Público (MP) informou nesta manhã que a promotora titular da Promotoria do Torcedor, Débora Balzan, está aguardando as imagens oficiais para analisar o material e se manifestar sobre o caso no âmbito da proteção da infância.
Inter
A assessoria de imprensa do Inter informa que está colaborando com a investigação, mantendo contato com os dois delegados responsáveis pelos inquéritos instaurados. Além disso, o clube analisa o estatuto do torcedor para decidir a medida a ser adotada em relação ao sócio. Ele será submetido ao Conselho de Ética do clube. O Inter explica, ainda, que tem 350 câmeras no estádio e que usou o sistema para identificar o torcedor, quando foi solicitado pela polícia. Sobre as demais situações que ocorreram, como outras agressões e brigas, o clube informa que está analisando todas as questões junto ao Departamento Jurídico.