O Inter joga com a corda esticada. Prova disso é que o time lidera o ranking de gols após os 80 minutos no Brasileirão. Mas quando estica demais, a corda arrebenta: dos principais titulares, oito já sofreram algum tipo de lesão muscular.
A preparação física colorada foi reconhecida positivamente até fora do Brasil. No programa "Todos somos técnicos", do canal TNT do Chile, os debatedores rasgaram elogios ao desempenho do time diante do Colo-Colo.
— A velocidade desses jogadores é totalmente diferente. Fisicamente estão muito acima também na força e na potência — declarou o ex-jogador Marcelo Vega, com passagem pelo Colo-Colo e pela seleção chilena.
Se marcar no final significa boa preparação, de fato não dá para reclamar da forma. Nada menos do que sete pontos foram conquistados graças a gols a menos de 10 minutos do fim. O América-MG foi a mais recente vítima, mas antes já haviam sido Bragantino (com direito a dois gols nos acréscimos), Flamengo, Cuiabá e Fortaleza (este ainda sem Mano Menezes). Pela Copa Sul-Americana, o quinto gol contra o 9 de Octubre saiu aos 38 da etapa final.
— É um gol gostoso. Quando é a favor, né? — brincou Mano ao comentar a vitória sobre o América-MG.
Mas há o outro lado. A sequência de jogos, a entrega, a necessidade de correr o máximo para alcançar o resultado estão cobrando um preço. Considerando apenas o começo do Brasileirão (e a chegada da atual comissão técnica), oito jogadores entre habituais titulares e reservas imediatos já sofreram lesões musculares. Bustos, Moledo, Renê, De Pena, Alan Patrick, Taison, Wanderson e Alemão tiveram problemas. Uns mais graves, como Moledo, que chegou a ficar um mês fora; e outros mais leves, como De Pena, que teve um desconforto que o impediu de entrar em campo no jogo de ida com o Colo-Colo. O fato é que o treinador precisou conviver com desfalques.
Essa, aliás, é uma condição comum em futebol profissional. Ainda mais em um calendário apertado como o brasileiro. Um estudo apresentado na Revista Brasileira de Ortopedia mostrou que houve 577 lesões musculares entre as temporadas de 2016 e 2018 na Série A. Isso dá uma média de 7,66 machucados a cada mil horas de jogo. Cada lesionado ficou por volta de três semanas afastado dos gramados.
Por isso, além de fortalecer os músculos, é igualmente necessário reforçar os grupos. Para manter o nível de atuações, exige-se ter atletas de qualidades semelhantes. Como os recursos estão escassos no Inter e não há perspectiva de grandes contratações na janela, Mano explicou como pretende equilibrar os atletas fisicamente.
— Vamos encontrando as soluções. Todos os times vão perder jogadores importantes neste momento. Temos de encontrar as soluções. Estamos aqui para isso. Nossa comissão trabalha o tempo inteiro para isso — disse.
Duas mexidas já devem aparecer no próximo jogo. O treinador anunciou que Mercado e Moledo serão preservados contra o Athletico-PR, tanto pela sequência quanto pelo gramado sintético da Arena da Baixada. Os rodízios, ainda mais quando se aproximar as quartas de final da Copa Sul-Americana, serão mais visíveis.