Pai goleiro. Mãe goleira. Irmão goleiro. Não tinha como Gabi Barbieri seguir outro caminho. Aliás, ela até tentou, mas a herança foi maior e, hoje, é uma das maiores promessas entre as atletas da posição no futebol brasileiro. Aos cinco anos, lembra de já jogar futebol. Mas não foi no gol que tudo começou.
— Quando pequena, comecei jogando na linha. Tinha cinco anos, mas depois de um tempo eu fui para o gol em um treino e comecei a gostar. Aí cheguei em casa e falei para o meu pai: "Pai, compra uma calça de goleiro, uma luva, que eu quero ir no gol". Desde então, não saí mais da posição. Acho que é de sangue, de família, todo mundo tem isso dentro e eu segui. Comecei no futsal e fui para o campo só em 2017 — relembra a camisa 1 do Inter em entrevista a GZH.
Ali, se encontrou e se destacou. Em 2017, começou a jogar pela Chapecoense, onde ficou por três temporadas. Até que, no final de 2019, o Inter a descobriu, fez proposta e a trouxe para Porto Alegre.
— Eu sentei com meus pais, conversei, analisei tudo certinho, e foi assim que eu vim. Então, desde os meus 13 anos eu já morava fora de casa. Para me mudar para cá não teve muita diferença. Me adaptei rápido, fácil, e bem tranquilo — conta a goleira.
Pela base do Inter, disputou o Brasileirão sub-18 por duas vezes. Em 2020, ficaram com o vice-campeonato. A partida decisiva, inclusive, foi de grande destaque para as goleiras. Gabi Barbieri defendeu três penalidades máximas, mas Ravena, do Fluminense, pegou quatro e garantiu o título para as cariocas. Depois, em 2021, o Inter chegou às semifinais com Barbieri na meta.
Após chamar muita a atenção pelas categorias de base do Inter, ganhou oportunidade de estrear pelo time principal. Contra o, à época, líder e invicto Palmeiras, Gabi parou ninguém menos do que Bia Zaneratto e Byanca Brasil. O Inter conquistou os três pontos e seguiu entre os melhores do Brasileirão Feminino. E ela ainda foi eleita a melhor goleira da rodada, em votação popular feita pela CBF.
— Muito feliz pela minha estreia. Voltei da Seleção com dois treinos e já estreei no profissional. Meu primeiro jogo e consegui desempenhar tudo que venho trabalhando. Isso é Inter, esse time é gigante e mais um jogo gigante que fizemos — disse ela após a estreia, em vídeo divulgado nas redes sociais do clube.
No final do jogo, eu não conseguia nem chorar direito de tanta felicidade que eu estava sentindo
GABI BARBIERI
sobre a conquista do Sul-Americano sub-20 pela Seleção Brasileira
Como se brilhar pelo Inter fosse pouco, ela também é uma das estrelas da Seleção Brasileira de base. Convocada desde que tem 14 anos, sua última conquista com a camisa canarinho foi o Sul-Americano sub-20 — a se destacar: sem sofrer gols.
— É uma sensação que nem tem como explicar. No final do jogo, eu não conseguia nem chorar direito de tanta felicidade que eu estava sentindo. Só agradecer, ao (Felipe) França que faz parte disso também, sempre dando o máximo dele para fazer com que a gente melhore a cada dia. Elas também (Mari e May) que me ajudam no dia a dia, me dão força, querem sempre me ver bem, me ajudam, me acolhem, e é isso. Agradecer.
Agora, se prepara para a disputa da Copa do Mundo da categoria, que tem início previsto para agosto, na Costa Rica. Além disso, vislumbra, ainda, a primeira convocação da técnica Pia. E, claro, títulos.
— Vou representar o Inter e pensar só no Inter agora. O que for para acontecer, futuramente, vai acontecer. E Seleção, a gente sempre quer chegar lá. Seleção, especialmente. Então, foco mais nisso, em questão de sonho futuramente: chegar na Seleção principal, poder disputar Copa do Mundo e Olimpíada — vislumbra.