As três goleiras mais jovens do Brasileirão Feminino. As que, juntas, compõem a defesa menos vazada da competição. Todas formadas na base do clube. E que, com atuações consistentes, vêm chamando a atenção do país neste início de campeonato. Estamos falando de May, 20 anos, Gabi Barbieri, 19, e Mari Zanella, 18. As goleiras do Inter.
May começou a temporada como a titular das Gurias Coloradas. Em pouco tempo, já chamou a atenção de Pia e foi convocada à Seleção Brasileira. Gabi Barbieri é a reserva imediata, figura carimbada na Seleção de base e, recentemente, campeã do Sul-Americano sub-20. E Mari Zanella, a mais jovem entre as três, chegou há dois anos em Porto Alegre, já conquistou títulos pela base e recebeu a primeira oportunidade no time principal.
Mas, se elas se destacam e alçam voos cada vez mais altos, o mérito também precisa ser divido com grandes profissionais que atuam diretamente e diariamente com elas. Neste caso, um deles é o preparador Felipe França. No Inter desde o início desta temporada, ele foi convocado à Seleção Brasileira neste ano.
— Essa questão de a gente chegar à Seleção, quem me leva até lá são elas (May, Mari e Gabi), o trabalho delas que reflete num todo. Então, eu já agradeci muito à elas, às goleiras que eu também trabalhei (anteriormente). É uma junção de fatores — explica o preparador de goleiras.
Como as três estão em alto nível e, nas oportunidades que tiveram, corresponderam às expectativas, é uma daquelas boas decisões difíceis para o técnico Maurício Salgado. França explica como ocorrem as conversas para definir qual será a titular.
— A última decisão é do treinador. Então, a gente procura sempre trazer informações do dia a dia para facilitar para que ele também, durante as ideias de jogo, do trabalho em si, escale o time da maneira ideal, e também pensando no contexto em geral. O técnico que vai bater o martelo no final. Então, a gente só traz todo o contexto do que foi trabalhado no dia a dia de treinamento.
Mesmo concorrendo entre si pela titularidade, elas não deixam de torcer umas pelas outras. O reconhecimento de como a parceria as ajuda a crescerem juntas é reiterado por todas. Fica nítido, inclusive, a torcida mútua entre as três goleiras do Inter. Mari Zanella, por exemplo, fez questão de mencionar o apoio de May em sua estreia pelo time principal.
Tenho certeza que estou com duas referências do meu lado
MARI ZANELLA
sobre May e Gabi Barbieri
— Foi muito bom ter a May do lado, porque eu vejo ela como uma grande referência para mim, a Gabi também. Tenho certeza que estou com duas referências do meu lado. São pessoas que me inspiram a ser melhor todos os dias, e buscam me elevar. Somos uma família, e não gostamos de negatividade dentro dela. Sempre estamos uma pela outra. Eu não quero, jamais, que a May se machuque ou esteja mal, que a Gabi se machuque ou esteja mal, mas foi muito bom estrear e, realmente, fazer o papel de jogar por elas — fala Mari Zanella.
No momento em que foi convocada para representar a Seleção Brasileira, May lembra que Gabi Barbieri e Mari Zanella comemoraram tanto que ela acha, inclusive, que ficaram mais entusiasmadas do que ela mesma. Essa é mais uma prova da parceria entre as três gurias.
— Eu fiquei muito feliz, muito feliz, e elas fazem parte disso. Eu falei para elas, elas comemoraram muito mais do que eu, e elas fazem parte disso porque o fato de serem melhores a cada dia, me torna melhor também. Como a Mari falou, é uma por todas e todas por uma. Então, elas podem ter certeza que eu fui lá representando todo o trabalho que é feito aqui dentro — exalta May.
Elas comemoraram muito mais do que eu, e elas fazem parte disso porque o fato de serem melhores a cada dia, me torna melhor também
MAY
sobre convocação para a Seleção, e parceria com Mari e Gabi
Quando conquistou o Sul-Americano sub-20 pela Seleção Brasileira, Gabi Barbieri também lembrou das parceiras de clube. E, claro, quis dividir a alegria do título com as duas.
— Só agradecer, ao (Felipe) França que faz parte disso também, sempre dando o máximo dele para fazer com que a gente melhore a cada dia. Elas também (Mari e May) que me ajudam no dia a dia, me dão força, querem sempre me ver bem, me ajudam, me acolhem, e é isso. Agradecer — fala Barbieri.
A parceria, a torcida mútua, e o carinho entre elas são ingredientes cruciais (claro, além do trabalho de excelência feito no clube) para a ótima campanha defensiva do Inter no campeonato. Em nove rodadas, foram apenas cinco gols sofridos — a menor quantidade entre todos os times do Brasileirão Feminino. Essa é uma arma que as Gurias Coloradas usam para sonhar com o título inédito da competição nacional nesta temporada.