A crise que o Inter vive pelos maus resultados no Brasileirão e as eliminações nas Copas do Brasil e Libertadores teve um bode expiatório. João Patricio Herrmann, oficialmente, pediu desligamento da pasta do futebol e não é mais vice-presidente. A rigor, ele se antecipou a um movimento de pressão que fatalmente acarretaria no mesmo fim. Por enquanto, o presidente Alessandro Barcellos assumirá o posto.
Filho de Eraldo Herrmann, presidente do clube na conquista do primeiro título brasileiro, ele ocupou vice-presidências desde 2017 até 2020 – como eleito na gestão de Marcelo Medeiros – e em 2021 na pasta do futebol com Barcellos. Apesar de considerado uma pessoa de bom trato, “honrada e trabalhadora” (para usar as palavras de uma das manifestações oficiais de movimentos políticos do clube), recaíram sobre ele as principais críticas.
— Houve um desgaste. Refleti no final de semana e achei melhor assim. Comuniquei ao presidente que não poderia mais prosseguir. Não tive problema com jogadores — explicou o dirigente, que não quis estender a entrevista.
Pessoas próximas a ele, porém, garantem que o episódio da semana passada, com as faixas pedindo sua saída afixadas dentro do Beira-Rio pesaram na decisão. O movimento foi feito por uma torcida organizada e, segundo os dirigentes, houve quebra de confiança, já que o estádio é aberto para os colorados decorarem as arquibancadas.
Herrmann havia sido criticado na última reunião do conselho deliberativo. Um dos pontos mais mencionados é de que, na eleição, a chapa vencedora prometeu diminuir o poder do vice de futebol e ter um coordenador técnico para servir de elo entre direção e atletas. O cargo, até hoje, não foi preenchido. A justificativa apresentada por ele “não é porque está no plano de gestão que a direção precisa ter um coordenador” e que “o perfil do profissional não foi definido” esquentaram o ambiente ainda mais.
A política também pesou para que o presidente assumisse interinamente a pasta. João Patricio é do movimento Convergência Colorada, um dos pilares da gestão. Sua substituição, por consequência, precisaria ser feita por alguém do mesmo grupo – ou com permissão do movimento. Não houve costura entre os possíveis integrantes.
A presença direta do presidente servirá para tentar amenizar o clima. Jogadores estão insatisfeitos com algumas situações, como a colocação das faixas, as manifestações mais intensas vistas no sábado (31), antes da partida contra o Cuiabá, e a exposição no aeroporto. O entendimento é de que os dirigentes não protegeram os atletas.
Na avalição de pessoas do Inter, aquela manifestação mais pesada momentos antes da partida prejudicou o time no sábado. Jogadores visivelmente desconcentrados não conseguiram sair do 0 a 0 com o Cuiabá. Depois da partida, internamente, houve cobranças entre eles. Publicamente, o discurso será de concordar com os torcedores a respeito das críticas, como fizeram Boschilia e Diego Aguirre.
O próximo passo será defender alguns dos eleitos pelos colorados, especialmente Rodrigo Dourado. Ele foi criticado por, na versão dos torcedores, não ter postura de capitão em campo. Coincidentemente, foi quem discutiu com quem protestava no Salgado Filho.
Thiago Galhardo é o outro alvo. Insinuações sobre festas e viagens que o atacante estaria promovendo aumentaram a desconfiança. Há de se resolver ainda a questão Edenilson, que deseja sair do clube, recebeu uma proposta do futebol árabe boa apenas para ele e abaixo do mercado para Inter.
Tudo isso com a zona de rebaixamento no calcanhar. E com o Flamengo daqui a poucos dias.