O Inter jamais havia vencido a Chapecoense, por Campeonatos Brasileiros, fora de casa. Até esta quinta-feira (24), haviam sido cinco jogos e cinco derrotas. Mas o fim do tabu tem nome e sobrenome: Diego Vicente Aguirre Camblor.
Mesmo com pouco tempo de treinamento, o técnico uruguaio estreou com vitória de 2 a 1 na Arena Condá, fazendo com que a delegação voltasse para a casa com um ambiente completamente diferente ao que encontrou em sua chegada ao oeste catarinense.
Na chegada a Chapecó, ainda na noite de quarta-feira, na passagem do ônibus para o saguão do hotel, alguns jogadores foram alvos de xingamentos por uma parte dos torcedores que aguardavam no local. Porém, duas figuras foram preservadas e até tiveram seus nomes gritados pela massa — o próprio treinador e Paulo Paixão, novo coordenador físico do clube.
O incidente gerou pouca repercussão interna na concentração. Afinal, o elenco já havia sido chacoalhado em Porto Alegre. Além das palavras de motivação, o uruguaio fez alterações no sistema de jogo e em diversos setores da equipe. Zé Gabriel havia treinado como lateral-direito, empurrando Heitor para a esquerda, Rodrigo Dourado reapareceu, Caio Vidal e Mauricio foram colocados na linha de meio-campo e Yuri Alberto voltou a ser o único atacante. A estratégia estava montada para que Aguirre retomasse sua história exatamente de onde havia terminado.
Em 2015, ele foi demitido dias depois de empatar por 0 a 0 com a mesma Chapecoense, no Beira-Rio.
— Eu não sabia, mas li na imprensa. É um dado curioso. Gostei desta possibilidade. Estamos recomeçando um trabalho. Ficaram algumas coisas por fazer, e é uma continuidade do que fizemos em 2015 — declarou, após a partida.
De fato, bastou a bola rolar para se ver aquela marcação-pressão na saída de bola adversária, que há seis anos era exercida por Nilmar, Lisandro López, Valdivia e Eduardo Sasha. Nesta quinta, a tarefa foi de Patrick, Yuri Alberto, Mauricio e Caio Vidal.
Assim, o Inter teve até menos posse de bola que os catarinenses, mas mostrou um jogo vertical, capaz de empilhar chances de gols. Talvez por isso, agradecidos por praticarem um estilo de jogo que casava melhor com suas características, Caio Vidal e Yuri Alberto correram em direção ao treinador logo após balançarem as redes e, com a palma da mão estendida, saudaram o comandante como se estivessem agradecendo.
"Deus é bom o tempo todo. Grupo todo de parabéns pela entrega. Vamo Inter", publicou o centroavante, autor do segundo gol colorado, em suas redes sociais.
Tão logo encerrou a partida, a delegação retornou em um voo fretado para Porto Alegre. No próximo domingo, o desafio será em Belo Horizonte, contra o América-MG. Desta vez, Aguirre não poderá repetir sua surpreendente escalação de Chapecó.
Zé Gabriel sentiu lesão muscular na coxa e teve de ser substituído no segundo tempo, e Caio Vidal foi expulso do banco de reservas após briga generalizada nos minutos finais. Léo Borges e João Peglow, que têm saída iminente para o Porto, poderiam ser alternativas ao treinador. Enfim, um novo quebra-cabeça se avizinha para o uruguaio, mas com a esperança de que o espírito da equipe está renovado.
"Muitas histórias se entrelaçaram nesta noite. Um novo ciclo começando. União", escreveu em sua rede social o dirigente Nelson Pires, membro do comitê de assessoramento ao Conselho de Gestão, com uma foto do treinador concedendo a entrevista pós-jogo.