
A caminhada do Inter em busca do tetra brasileiro em 2021 começa neste domingo (30) contra um time que foi decisivo para que o sonho batesse na trave na temporada de 2020. A derrota para o Sport dentro do Beira-Rio, em fevereiro, impediu que os colorados abrissem quatro pontos de vantagem para o Flamengo a três rodadas do fim do Brasileirão passado.
Foi a brecha que os cariocas precisavam para, dois jogos depois, ultrapassarem o time de Abel Braga em confronto direto e irem à última partida do campeonato na ponta da tabela.
E a maior esperança para conquistar o título que não vem desde 1979 está no novo camisa 10. Campeão da América pelo clube gaúcho, Taison não estava no elenco que ficou com o vice nacional, mas sabe bem como é a sensação de lutar até a 38ª rodada e ver a taça ficar com o Flamengo. Ele viveu situação semelhante em 2009, quando o Inter goleou o Santo André em casa e terminou em segundo após o Rubro-Negro bater o Grêmio no Maracanã.
Mas aquele Taison de 12 anos atrás era diferente. Não só pelo número que levava às costas, mas principalmente pelas funções que desempenhava dentro de campo. O camisa 7 revelado um ano antes jogava pelos lados, em velocidade, como um dos pontos de desafogo da equipe de Tite. Agora aparece mais centralizado, com a função de organizar o ataque de Miguel Ángel Ramírez.
A experiência que hoje vive Taison já foi experimentada por outro ídolo colorado. Campeão da Libertadores e do Mundial com o Inter, Iarley também começou como atacante pelas beiradas do campo e mais tarde tornou-se camisa 10. Ele acredita que que o pelotense ainda precisa de maior entrosamento com os companheiros, mas aposta no sucesso ao longo do campeonato.
— É um jogador inteligente para essa função. Ele tem capacidade de ser tanto ponta quanto meia. Assisti a vários jogos dele na Ucrânia, e ele fazia essa função muito bem, aparecendo como um meia de aproximação, um homem surpresa. Vejo nele condições de render bem como camisa 10 — aposta Iarley.
O Campeonato Brasileiro surge para Taison como a oportunidade de conseguir a desejada sequência de jogos. Impossibilitado de atuar no Gauchão, por ter chegado ao clube após o prazo para inscrição, ele só pôde entrar em campo pela Libertadores, quatro vezes. Diante do Sport, buscará seu primeiro gol desde o retorno à Capital.
— O Brasileirão vai ser fundamental, porque sem uma rotina maior de jogos, às vezes você joga com um companheiro e na próxima oportunidade já tem outro ao seu lado. É importante que o Taison tenha essa sequência para que conheça os jogadores, e para que eles o conheçam também — opina Iarley.
Quando o assunto é camisa 10, poucos jogadores com passagem pelo Beira-Rio entendem mais do que Paulo César Carpegiani. O gaúcho de 72 anos foi bicampeão nacional pelo Inter em 1975 e 1976. Hoje, vê em Taison características diferentes às dos últimos que usaram o número pelo Colorado. Compara o atleta ao atacante Bruno Henrique, do Flamengo, pela velocidade e capacidade de tomadas de decisão próximo à área.
— Eu jogava mais como segundo homem do meio-campo. O D'Alessandro já era mais ponta de lança, por exemplo, e o Taison é um jogador de quebra de linhas. O camisa 10 costuma ser o jogador com mais liberdade, mas pode ter diferentes características e diferentes funções — destaca o ídolo.
Com Taison como grande esperança do torcedor, o Inter dará diante do Sport o primeiro dos 38 passos rumo ao ponto mais alto do futebol brasileiro, que não ocupa há mais de 40 anos. Talvez o brilho do seu novo camisa 10 tenha sido o que faltou para segurar a taça em 2020.