Para não depender de mais nada em busca da vaga para a segunda fase da Libertadores, o Inter precisa ao menos empatar com o Olimpia, em partida marcada para 21h desta quinta-feira (20), em Assunção. O duelo no Paraguai carrega, para Miguel Ángel Ramírez, mais do que simplesmente a possibilidade de avançar às oitavas de final. É também a chance de recuperar a autoestima de seu time e reacender as esperanças, tanto para a competição continental quanto para a decisão do Estadual, domingo (23), contra o Grêmio.
Por outro lado, dando tudo errado, o Inter pode entrar na rodada seguinte, a última, precisando acompanhar o resultado paralelo, torcer para que não haja jogo de compadres e, mais uma vez, dividir as tensões e atenções do Gre-Nal. E às vésperas do começo do Brasileirão.
A seguir, mostramos os dois cenários exatamente opostos que a noite pode dar ao Inter.
O caminho bom
O lado bom para o Inter é que, mesmo tendo feito tudo errado fora de casa na Libertadores até agora, pode terminar a fase de grupos na primeira posição. Para isso, basta vencer os dois jogos que restam. Com o saldo de gols que construiu no Beira-Rio — onde foi perfeito na competição —, é muito difícil que não seja o líder se empatar em pontos ao final da sexta rodada.
Além disso, o Olimpia, em tese, deveria ser o mais difícil dessa primeira etapa — claro, descontando-se a altitude do Always Ready. Por isso, uma vitória daria moral ao Inter para o próximo desafio, virar o placar sobre o Grêmio na final do Gauchão. Apesar da óbvia pressão que o Gre-Nal dá, o discurso colorado é de só pensar nos paraguaios.
— Temos um jogo importante, uma vitória vai nos deixar próximos da classificação. Estamos trabalhando, concentrados e esperando o jogo, pensando nesse jogo. Depois, preparamos para o que vem — afirmou o lateral-direito Saravia às mídias do clube.
A outra boa notícia para o Inter é que, mesmo sendo reconhecidamente uma força sul-americana, três vezes campeão da Libertadores, o Olimpia não passa por bom momento. No Campeonato Paraguaio, empacou na quarta posição. Há duas semanas, no Beira-Rio, expôs suas fragilidades e foi impiedosamente goleado.
Além disso, sem a pressão da torcida e com um gramado de boa qualidade como é o do Estádio Manuel Ferreira, a equipe de Ramírez poderá desempenhar um futebol melhor do que o apresentado até o momento fora do Rio Grande do Sul.
Mais um aspecto positivo: empate não é mau resultado. Independentemente do resultado de Táchira x Always Ready, com um ponto em Assunção, o Inter só dependerá de uma vitória sobre os bolivianos, em casa, na última rodada, para avançar.
O caminho ruim
O lado ruim para o Inter é que a panela esquentou definitivamente já antes do jogo. Um grupo de 20 torcedores foi ao CT protestar, nesta quarta-feira (19), com direito a faixa em espanhol e críticas a jogadores e comissão técnica. Eles foram vistos bem no final do treino até que passasse o ônibus que levou os colorados ao aeroporto.
Internamente, há críticas. Algumas até públicas, com movimentos políticos cobrando reuniões para explicar desempenho. Tudo com grande repercussão nas redes sociais, o que, sabemos, pesa na avaliação de dirigentes e abala os atletas. Uma derrota no Paraguai tem potencial para causar uma confusão difícil de resolver.
Ainda mais com a falta de tempo que vive o Inter. O time voltará do Paraguai e, logo depois, terá o Gre-Nal pela frente. O Grêmio também joga fora do Brasil nesta quinta, mas mandou apenas guris e reservas dos reservas à Venezuela. Estará mais descansado, e o preparo físico colorado tem acusado problemas nos finais das partidas.
O martírio aumenta porque, fora de casa, o Inter tem jogado pouco: na Libertadores, o aproveitado é de 0%, e o time perdeu para Grêmio e Juventude no Estadual. Já se vai um mês sem comemorar vitória longe do Beira-Rio.
Essa falta de vitórias na competição continental veio em um grupo que poderia ter até sido comemorado no dia do sorteio. Ser eliminado a esta altura da Libertadores causaria constrangimento interno — e, certamente, revolta externa. O Olimpia trata o jogo como sua grande decisão, já que renasceu depois de ter vencido o Always Ready na altitude, nos acréscimos. E está mordido pela goleada sofrida em Porto Alegre.
— Foi a primeira vez que levei seis gols. São partidas que doem, mas deixam ensinamentos. Precisamos ser corajosos. Será um jogo especial — comentou o goleiro Gastón Oliveira à rede ABC Color.