Titular do Inter com Miguel Ángel Ramírez contra o Caxias, Léo Borges está de volta a Pelotas. Nascido e criado no bairro Fragata, o jovem de 20 anos viverá horas especiais a partir da chegada da delegação na zona sul do Estado. Afinal, o agora camisa 36 foi forjado nos campos e gramados da cidade e retorna como postulante à titularidade na lateral esquerda colorada.
A história do garoto praticamente começa no berço. Fábio Borges, hoje com 46 anos, atualmente auxiliar administrativo, foi defensor dos três clubes da cidade: Farroupilha, Pelotas e Brasil-Pel. Mesmo com conhecimento do mundo da bola, o pai só entendeu que o filho "era bom de bola" depois de uma caneta sofrida por ele numa brincadeira quando Léo tinha seis anos:
— Ele brincava com uma bola. Quando entrei dentro de casa, ele quis me botar a bola no meio das pernas. Falei que o guri seria jogador — explicou brincando.
A partir de então, por sete anos, a iniciação do menino foi feita no futsal, modalidade tradicional em Pelotas. Passou pela escolinha do Farroupilha, Cruzeiro e Paulista até que veio a recomendação, do então técnico Renato Votto, para trocar os tênis pelas chuteiras:
— Ele disse que já estava na hora de sair do futsal, pois não dava dinheiro e ele tinha um potencial bem grande — contou.
Inicialmente, pelo Fragata, Léo Borges foi extrema esquerda. O relato do pai é que ele não teve dificuldade para se adaptar aos gramados. Passaram seis meses e trocou de time em 2015: foi convidado pelo Progresso, de Alcyone Dornelles. Ele aceitou pelos problemas financeiros que o seu antigo time enfrentava. Logo, chamou a atenção da base colorada em 2017. Contratado como atacante pelo lado esquerdo foi recuado para a lateral aos poucos, mas já compôs o sistema defensivo pelo flanco direito e como zagueiro também.
A dedicação da família Borges ao futuro de Léo é notável. Pela maturação do caçula, a mãe, Luciane, de 47 anos, que abandonou o emprego e se mudou para a capital, fica percorrendo os 260 km entre Pelotas e Porto Alegre a cada 10 dias aproximadamente. A intenção é garantir o foco na profissão para ter sucesso.
Enquanto isso, no bairro Fragata, local que a base familiar segue instalada, seguem Fábio e Lázaro, o irmão mais velho, ex-militar, atualmente cozinheiro no hospital São Francisco de Paula. É de lá que viram o título da Copa SP em 2020 e a estreia na Libertadores, em Cáli, contra o América de Cali. O ritual, de isolamento, foi repetido na última quarta-feira (24), quando o filho foi titular contra o Caxias.
— Nos primeiros 15, 30 minutos do primeiro tempo já tínhamos mais de 60 comentários dos nosso amigos. Isso é muito legal e importante em si ele representar a cidade — relatou.
Léo Borges tem contrato com o Inter até 2023. Como profissional foram seis partidas. Pela saída de Uendel e pela filosofia de apostar mais na base há expectativa pelo maior aproveitamento dele entre os principais atletas para não encantar não apenas os familiares, mas também todos os torcedores colorados.