Pela primeira vez após confirmar a permanência no Inter, o técnico Abel Braga concedeu entrevista comentando o momento colorado na temporada. O treinador relembrou suas passagens mais recentes pelo futebol carioca, referindo-se aos trabalhos recentes em Cruzeiro e Vasco como "chamados de amigos". Abel também disse que o novo presidente do Colorado, chamado por ele de "Alê", foi a amizade mais recente feita no futebol.
— Os clubes estão se reinventando no ano inteiro. É um ano atípico. Houve acerto em todos para a redução de despesas. E o Inter não deve nada, está tudo em dia. E não é um plantel barato — refletiu Abel, em entrevista ao Globo Esportivo, da Rádio Globo do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (30).
O técnico voltou a falar sobre sua surpresa ao ver garotos do plantel principal treinando na primeira manhã de trabalho quando chegou ao Inter. Além de João Peglow, nominado na primeira entrevista de Abel no comando colorado, o treinador citou Praxedes e Caio Vidal:
— Dei sorte, porque o que eu achava que faltava no time, jogada de lado, jogador que force cartão do adversário, encontrei no primeiro treino. Poucos minutos já virei e disse que este garoto (Caio) não saía mais do time. E Praxedes, também, que já tinha jogado com Coudet.
— Deram uma cara diferente ao time — complementou.
Abel negou que a eleição tenha tido influência no futebol colorado. O acerto da permanência passou por negociação da nova direção com o filho e empresário do técnico.
— Não atrapalhou trabalho e nem entrou no CT, os candidatos foram fantásticos.
Bem-humorado, disse que os amigos o chamaram de "louco" quando souberam que trocaria a rotina de caminhadas na praia pelo comando técnico do Inter. A motivação pelo desafio é simbolizada pelo recorde de número de jogos que ele está prestes a alcançar. Em janeiro, Abel deve se tornar o treinador que mais vezes comandou o Colorado na história:
— To aqui olhando para algumas medalhas dos títulos que ganhei e pensando que eles vão me dar reconhecimento por isso, essa marca, que não é qualquer uma em um grande clube.
Por fim, comparou a representatividade de D'Alessandro para o Inter como a de "um deus", com quem diz ter uma relação de carinho:
— Não consigo definir, ele conseguiu um patamar profissional e em relação com o grupo, camisa, torcedor, imprensa... não dá para explicar, nunca consegui entender essa loucura.