Ainda quando era líder do Brasileirão e o time mantinha um aproveitamento superior a 70%, Eduardo Coudet alertava para os perigos que a maratona de setembro traria ao time. Pois a conta chegou.
As nove partidas que o nono mês do ano deixou agendado para o Inter encerram-se nesta terça-feira, e o desafio colorado é recuperar o desempenho e o resultado de agosto no último compromisso antes de virar a folha do calendário. Mais: tentar encaminhar a classificação para as oitavas de final da Libertadores. Para isso, precisa de um bom resultado contra o América de Cali, fora de casa, a partir das 21h30min.
Para não precisar fazer os cálculos todos que estão na página ao lado, há uma matemática mais simples. Uma vez que entra em campo depois de Grêmio x Universidad Católica, saberá se uma vitória será suficiente para confirmá-lo matematicamente à segunda fase.
E poderá, também, até administrar um empate, dependendo da circunstância da partida, para encaminhar a classificação. Por outro lado, uma derrota possivelmente embolará definitivamente o grupo para a última rodada.
O time precisará se reencontrar. Uma das decisões que o treinador precisará tomar será a de formar o meio-campo ainda com o desfalque de Edenilson. O camisa 8 precisa cumprir mais uma partida de suspensão pela expulsão no Gre-Nal.
A solução do Gre-Nal (e do início da Libertadores, ainda na fase preliminar), com Musto e Lindoso, não funcionou. Os números mostraram que o time ficou sem criatividade ofensiva, e o suposto reforço na marcação tampouco se justificou. Opções mais "leves", Johnny, Nonato e Bruno Praxedes são jovens, o que sempre é levado em conta em partidas maiores.
— A questão de ser jovem ou não vai muito de cada jogador. Tem guri que segura mais a onda, outros precisam de mais tempo. O Coudet sabe melhor do que ninguém fazer essa avaliação. Ele tem o grupo na mão, isso a gente vê, então com certeza quem ele escolher tem condições de dar conta — comentou o ex-lateral-esquerdo Kléber, campeão da Libertadores de 2010 com o Inter.
Como Patrick pode voltar, recuperado de lesão, a outra alternativa é adaptar Boschilia à faixa central e manter Marcos Guilherme, apesar das críticas e da baixa contribuição das últimas partidas. Ainda em improvisações, sem D'Alessandro, que ficou em Porto Alegre resolvendo problemas particulares, tentar Leandro Fernández ou até recuar Thiago Galhardo, algo que ainda não ocorreu na temporada.
Galhardo, aliás, ainda não marcou pela Libertadores. O goleador do time na temporada fez gol pelo Gauchão e pelo Brasileirão (inclusive o último, diante do São Paulo), mas está em branco na competição continental. Ir às redes em competições sul-americanas é o desafio do atacante.
Na defesa, Coudet pode montar a zaga com Moledo e Cuesta. A expulsão de Zé Gabriel contra o São Paulo pode antecipar o retorno da dupla, que ocorreria naturalmente no Gre-Nal. Na lateral-esquerda, Jussa volta à função. Moisés ainda está suspenso e Uendel foi diagnosticado com covid-19.
— Independentemente de quem jogue, todos sabemos o que temos de fazer. Chacho vai preparar a equipe e vamos estar focados para fazer um grande jogo — comentou o zagueiro Cuesta, em entrevista coletiva.
E no meio disso tudo, ainda existe a crise política. Coudet e Rodrigo Caetano, diretor executivo, demonstraram incômodo com o ambiente eleitoral que já se antecipou no clube. Uma discussão ríspida entre o vice João Patrício Herrmann e o presidente Marcelo Medeiros mexeu na cúpula da direção. Mas o recado de Herrmann precisa ser o lema do Inter até as 21h30min:
— O foco é o América de Cali.