O racha político na direção do Inter acirrou os ânimos da última reunião do Conselho de Gestão, na sexta (25). Contrário à demissão do vice de futebol Alessandro Barcellos e de outros quatro dirigentes, o primeiro vice-presidente eleito do clube, João Patrício Herrmann, teve uma discussão “forte, dura e ríspida” com o presidente Marcelo Medeiros. Após refletir sobre o assunto no final de semana, o dirigente decidiu seguir no cargo.
João Patrício discordou da decisão de Medeiros de desligar do clube todos os dirigentes dos movimentos Convergência Colorada e Academia Colorada, que formalizaram uma aliança com o Inove Inter, movimento de oposição, de olho nas eleições presidenciais de novembro.
— O presidente se sentiu traído porque movimentos de situação estavam conversando com um movimento de oposição. Eu entendo que todo mundo está conversando com todo mundo e que isso faz parte da democracia. Foi uma discussão forte, dura e ríspida. Mas foi dentro da sala e respeitando todas as normas de educação. Ninguém botou o dedo na cara de ninguém, ninguém se levantou da cadeira e ninguém precisou apartar nada. Mas teve, sim, uma discussão ríspida, e o presidente acabou rompendo com dois movimentos importantes da base. Foi uma situação desagradável e que entendo ter sido precipitada, pois temos jogos importantes pela frente. Mas isso faz parte da política — contou João Patrício a GZH.
Após o racha, deixaram o clube o vice de futebol Alessandro Barcellos, o vice de marketing Nelson Pires, o vice de administração Victor Grunberg e os assessores da presidência Flávio Ordoque e José Olavo Bisol, além de alguns diretores da base. Também integrante do Convergência Colorada, João Patrício não pode ser desligado, pois foi eleito pelo sócios na mesma chapa do presidente Marcelo Medeiros e do também vice-presidente Alexandre Chaves Barcellos. Apesar do atrito, o dirigente descarta a renúncia.
— Recebi uma pressão muito grande para renunciar, mas acho que a renúncia não seria algo justo com o clube. Acima de tudo, fui eleito para defender os interesses do Inter e vou continuar defendendo até o fim do mandato. É assim que vou trabalhar. O clube passa por uma instabilidade política muito grande. Essa eleição deveria ser feita após o final dos campeonatos. Acho que faltou sensibilidade para quem marcou eleição para este período — explica.
João Patrício garante que não está rompido com Medeiros e que o atrito da última sexta-feira (25) não prejudicará o clima das próximas reuniões do Conselho de Gestão, que ocorrem semanalmente. O dirigente será o único integrante do colegiado que pertence a um movimento que não faz parte da base de apoio da direção.
— A discussão foi meramente política. Faz parte do dia a dia. Talvez tenhamos pegado mais pesado desta vez. Mas a minha relação com o Marcelo (Medeiros) é boa. Só que não vou me afastar de dar a minha opinião e de discordar. Mas tenho de respeitar as opiniões contrárias e considero as questões superadas. Espero que a gente consiga superar essa turbulência politica — completa.
João Patrício é um dos nomes cogitados pelo Convergência Colorada para concorrer a presidente do clube na eleição de novembro. Nesta hipótese, o dirigente concorreria contra o colega de Conselho de Gestão, Alexandre Chaves Barcellos, membro do Movimento Inter Grande (MIG), mesmo grupo de Marcelo Medeiros. Contudo, o dirigente preferiu não comentar esta possibilidade.
— O foco é o América de Cali — finaliza.