
Quando deixou o Gauchão, o Inter sofria críticas pela bola aérea que vazava sua defesa, incluindo no clássico Gre-Nal, que causou sua eliminação no Estadual. No entanto, desde que estreou no Brasileirão, o time sofreu apenas dois gols, ambos marcados de pênalti e na mesma partida: na derrota de 2 a 1 para o Fluminense, no Maracanã, pela terceira rodada.
Estes números fazem com que o Colorado apresente a melhor defesa do campeonato nacional até agora, empatado com o rival Grêmio, que sofreu os mesmos dois gols, mas com uma partida a menos. Se comparada à temporada anterior, as estatísticas são ainda melhores. Em 2019, após seis rodadas, a equipe havia levado quatro gols.
— Tudo é uma questão de conjunto. A defesa começa lá no ataque, e isso está acontecendo com o Coudet. Ele tem usado Edenilson e Patrick para compor as linhas de meio-campo, que são jogadores de combate, que tem saída rápida, boa velocidade e, na recomposição, isso ajuda muito. E ainda tem o Lindoso, que tem bom posicionamento e deixa a defesa bem resguardada. Com o pessoal da segunda linha dando esse combate, a bola já chega na terceira linha já mastigada, facilitando na hora dos zagueiros desarmar os atacantes — avalia o ex-zagueiro do Inter e hoje treinador, Regis Amarante.
Embora alguns nomes de 2019 se repitam, principalmente do meio para a frente, na defesa há apenas um remanescente: o argentino Víctor Cuesta. Além dos laterais Saravia e Moisés, contratados para esta temporada, Coudet promoveu uma grande mudança, sacando o experiente Rodrigo Moledo para dar lugar a um jovem. Primeiro foi a vez de Bruno Fuchs, depois do volante Zé Gabriel, que acabou improvisado na função.
— Alguns dizem que o Inter joga de maneira pragmática, o que não é verdade. O Inter entende o jogo. Quando o jogo exige que ele ataque, ele ataca. E esse modelo propositivo envolve mais jogadores no campo ofensivo. Por isso, o Moledo perdeu lugar no time, porque não tinha um bom passe. Mas, além de saber jogar, os zagueiros precisam correr para a frente para não levar bola nas costas quando o time é atacado — explica o jornalista Leonardo Miranda, que atua como analista no GE.com.
Ainda assim, este novo modelo de jogo implementado no Beira-Rio não impediu que a torcida colorada levasse alguns sustos. Até agora, o Inter teve seis gols contra si anulados pelo VAR —três por impedimento, dois por bola na mão e um por falta na origem da jogada. Mas, até nestas circunstâncias, Miranda vê influência da ideia de jogo do técnico argentino.
— Está tudo conectado. Com o Coudet, a linha de defesa atua parecida com a do Flamengo no ano passado. Não avança tanto, mas é uma linha que tem como primeiro princípio ficar junto o tempo todo. Esse alinhamento muda o papel dos laterais quando o time não tem a bola. Se o ponta do time adversário recebe a bola, quem vem marcar é um dos meias do lado, Edenilson, Patrick ou Marcos Guilherme. Já o lateral fecha a linha de defesa com os zagueiros para deixar os atacantes em impedimento — comenta ele.
Gols sofridos pelo Inter:
Fluminense 2x1 Inter: Nenê, duas vezes, de pênalti
Gols anulados contra o Inter:
Inter 2x0 Santos: bola na mão de Kaio Jorge
Inter 2x0 Santos: impedimento de Madson na hora do cruzamento para Soteldo
Fluminense 2x1 Inter: bola na mão de Michael Araújo
Inter 3x0 Atlético-GO: impedimento de Matheuzinho
Botafogo 0x2 Inter: impedimento de Luiz Fernando
Botafogo 0x2 Inter: falta de Babi em Patrick na origem da jogada