Muitos torcedores ficaram abismados quando o técnico Eduardo Coudet optou por sacar o antigo titular Rodrigo Moledo para dar lugar a Bruno Fuchs, ainda em fevereiro, em um Gre-Nal válido pela semifinal do primeiro turno do Gauchão. Seis meses depois, o garoto foi vendido ao CSKA Moscou, da Rússia. Esperava-se que Moledo pudesse voltar ao time, mas novamente o treinador optou por um garoto: Zé Gabriel, 21 anos. E, com ele, a equipe tem a segunda melhor defesa — apenas dois gols sofridos — e é líder do Brasileirão.
O fato é que Zé Gabriel deu conta do recado. Em quatro jogos no campeonato nacional (três iniciando como titular), ganhou a confiança de muitos torcedores, que passaram a se questionar: será que ele não é melhor do que Fuchs?
— É a maior surpresa do Inter no momento. Uma descoberta de Coudet como zagueiro. Já tem atuações melhores do que a de Bruno Fuchs, tanto nos passes progressivos, para frente, que iniciam jogadas de ataque, quanto nas tarefas de defensor mesmo, como se viu diante do Atlético-MG. Ainda é cedo, mas o começo é promissor — avalia o jornalista Diogo Olivier, comentarista e colunista do Grupo RBS.
Pelos números, Zé Gabriel tem se consolidado como peça importante no setor defensivo colorado. É o quarto principal ladrão de bolas do time (atrás de Saravia, Moisés e Patrick) no Brasileirão, superando seu companheiro de zaga Víctor Cuesta. Tem, ainda, bons números na bola aérea defensiva. Com 1,5 duelos aéreos ganhos por jogo neste início de campeonato, vai melhor do que Fuchs neste quesito, já que o antigo titular vencia apenas 0,5 duelos aéreos por partida.
Na temporada, Bruno Fuchs atuou em 12 jogos. Foram 1000 minutos em campo, com sete vitórias, três empates e duas derrotas. O aproveitamento é melhor do que o de Zé Gabriel, que também em 12 partidas em 2020 venceu seis, empatou três e perdeu três. É preciso levar em conta, no entanto, que um disputou mais jogos no Estadual e outro no Brasileiro.
Mesmo que seja volante de origem e tenha sido deslocado para a zaga por Coudet, o que falta aprimorar no jogo de Zé Gabriel está na transição ofensiva. Dos 186 passes, acertou 122 (65,6%). Das 29 bolas longas tentadas, 11 foram corretas (38%). Além disso, foram 30 perdas de posse.
Se compararmos com os números de Fuchs, o novo titular fica em desvantagem. O antigo titular tinha um aproveitamento maior nos passes (71,5%) e nas bolas longas (50%). Porém, em menos tempo em campo no Brasileirão, perdeu 29 vezes a posse da bola, uma a menos do que Zé Gabriel, com 103 minutos a menos de jogo.
Assim, ainda com uma amostragem pequena de Zé Gabriel, é possível destacar que é um zagueiro em formação, mas com boa capacidade de desarme, de duelos pelo alto, que comete poucas faltas (quatro em quatro jogos no campeonato nacional) e que é pouco driblado (apenas um drible sofrido na competição). Precisa evoluir a saída de bola, mas dá indícios de que tem um futuro promissor com a camisa colorada.
Números de Bruno Fuchs pelo Inter em 2020:
- 12 jogos
- 1000 minutos em campo
- 7 vitórias
- 3 empates
- 2 derrotas
- 16 gols marcados pelo time
- 4 gols sofridos pela equipe
Em 180 minutos no Brasileirão
- 6 interceptações
- 1 desarme
- 1 drible sofrido
- 2 duelos aéreos (1 ganho)
- 29 perdas de posse
- 2 faltas cometidas
- 151 passes (108 certos, 71,5%)
- 18 bolas longas (9 certas, 50%)
Números de Zé Gabriel pelo Inter em 2020:
- 12 jogos
- 757 minutos
- 6 vitórias
- 3 empates
- 3 derrotas
- 18 gols marcados pelo time
- 7 gols sofridos pela equipe
Em 283 minutos no Brasileirão
- 4 interceptações
- 8 desarmes
- 1 drible sofrido
- 7 duelos aéreos (6 ganhos)
- 30 perdas de posse
- 4 faltas cometidas
- 186 passes (122 certos, 65,6%)
- 29 bolas longas (11 certas)