A declaração do governador Eduardo Leite nesta quarta-feira (1º) de que não pretende abrir exceção nos protocolos de combate ao coronavírus para que os clubes possam realizar treinamentos coletivos desagradou a direção do Inter, que esperava uma liberação para esse tipo de atividade nesta semana. O 1º vice-presidente colorado João Patrício Herrmann afirmou que está faltando sensibilidade ao governo do Estado na condução sobre o futebol.
— Ele (governador) não está tendo a leitura correta do tamanho do futebol para o Rio Grande do Sul, no ponto de vista econômico, cultural e social. Clubes como Inter, Grêmio, Juventude, São José e outros geram R$ 1 bilhão na economia. Não apenas os clubes, mas tudo que o futebol gera de emprego e receita. Não dá para comparar com uma loja de R$ 1,99. O governo não está levando o negócio futebol do jeito que é. O governador tem de se dar conta de que o negócio futebol não é 11 contra 11, não é uma pelada — reclamou.
Os quatro casos de covid-19 confirmados pelo Inter nessa terça-feira (30) chegaram a ser citados pelo governador Eduardo Leite durante a videoconferência desta quarta. João Patrício Herrmann ressaltou que o clube tem confiança na segurança do protocolo de saúde montado para os atletas treinarem no CT Parque Gigante.
— A gente está bastante tranquilo com o protocolo que tem sido feito. É um padrão que detectou atletas com a doença nos exames de rotina. A gente entendeu a necessidade de ter um protocolo seguro e demonstrou a transparência do clube ao divulgar. Estamos seguindo tudo que foi feito e pedido. Mas a gente está extremamente preocupado com o futuro do futebol gaúcho — afirmou.
— Há uma falta de sensibilidade. Quem é que não sabia que o pico seria em julho? Eu tenho 51 anos. Há 51 anos, eu sei que julho é o pior mês do ano. Esse período de junho, julho e agosto é o pior. O governo nos fez ficar esperando. O Inter se preparou. Estamos há 110 dias sem realizar a nossa atividade, que é o futebol. A gente entende a questão da pandemia, estamos sensíveis. Ninguém está achando legal isso, mas o mundo não pode parar, e está parando — completou.
Também nesta quarta-feira, o vice de futebol Alessandro Barcellos admitiu que a possibilidade de o Inter deixar Porto Alegre para treinar em outra cidade aumentou a partir da declaração de Eduardo Leite. Enquanto o Gauchão ainda não tem data de retorno definida, a CBF trabalha com 9 de agosto como previsão para o Brasileirão iniciar mesmo que todas as cidades com clubes na competição não tenham liberação para receber jogos.
Diante disso, João Patrício Herrmann afirmou que será ridículo se a dupla Gre-Nal tiver de mandar jogos do Brasileirão fora do Estado.
— Vai ser um mico se Porto Alegre não tiver jogo. Tem de ter 80% das sedes liberadas. Era só o que faltava Porto Alegre não ter condições de receber um jogo. Aí será uma vergonha. Porto Alegre está em uma situação melhor que outras capitais. Será surreal, por exemplo, jogar um Inter x Flamengo em São Paulo, onde a situação é pior que Porto Alegre — finalizou.