O presidente Jair Bolsonaro assinou na última quinta (18), uma Medida Provisória com prazo de 60 dias que flexibiliza os direitos de transmissões televisivos. A partir desta nova MP do Futebol — que ainda vai passar pela aprovação do Congresso —, apenas o time mandante precisa aprovar o televisionamento das partidas. O Inter, que vive uma disputa judicial com a Turner por conta do contrato assinado para 2020, acredita que esta medida pode trazer consequências no processo atual.
— Hoje tivemos mais uma rodada de reuniões com o grupo Turner. Está difícil evoluir para que consigamos chegar em uma relação amigável com eles. A Globo nos permitiu acessar alguns valores, que deverá ingressar nos cofres do clube até sexta e assim vamos cumprindo nossas obrigações. Isto preocupa a todos. Por cláusula contratual, eu não posso responder muitas perguntas. Em tese, a flexibilização do direito de transmissão para os mandantes pode gerar uma concorrência para a Rede Globo que antes não havia. Nós sabemos que há um confronto aberto entre a Presidência da República e a Globo. Eu acredito que a Turner está acompanhando isto. Este movimento é recente e nós temos que esperar e entender como será o comportamento das bancadas e partidos políticos no Congresso Nacional — revelou em entrevista ao programa Show dos Esportes o vice-presidente do Conselho de Administração do Inter, Alexandre Chaves Barcellos.
De acordo com o dirigente, a nova MP pode alterar o futuro da relação com o grupo de mídia, que vinha avançando nas últimas semanas. Afinal, se aprovada, esta medida provisória pode fazer com que os canais Esporte Interativo não transmitam apenas os jogos entre equipes que tiverem contrato vigente, mas sim de todos os jogos em que os times sob assinatura forem mandantes. Ou seja: no cenário atual, o grupo poderia televisionar todos os jogos a serem disputados no Beira-Rio no Brasileirão 2020.
Fora de campo, a crise financeira está assolando os colorados. O Inter está com salários atrasados e promete pagamentos até a próxima segunda (29). De acordo com Chaves Barcellos, o grupo entende a situação atual do mundo — e não apenas no futebol — e confia na credibilidade adquirida pela atual direção.
— Essa credibilidade não é originária deste ano, mas desde que esta gestão assumiu o clube em 2017. O Inter estava na Série B mergulhado em problemas e com vários meses de atraso. Através de uma repactuação, conseguimos readquirir a confiança deste grupo. Com o cenário da pandemia, temos uma realidade talvez até mais grave que a anterior. O trabalho que está sendo desenvolvido pelo Alessandro Barcellos e pelo Rodrigo Caetano é sempre falando a verdade. Os jogadores têm a mais absoluta compreensão de tudo que acontece no cenário brasileiro. Não é só o Inter, diversas empresas vivem isso. Nós vamos superar tudo isso, olhar para trás e ver que passamos por mais este problema — falou.
Mesmo com Porto Alegre sob a bandeira vermelha, o clube seguirá treinando de acordo com todos os protocolos de distanciamento. O dirigente colorado disse que, por enquanto, não há como avançar para treinos coletivos.
— Vamos manter as nossas atividades. Vocês acompanharam o trabalho feito por Inter e Grêmio recebendo a Secretaria de Esporte e Lazer, depois uma reunião por videoconferência com o prefeito Nelson Marchezan. Nós não temos nenhum caso de contágio no grupo de atletas. Estávamos pensando em avançar um pouco esta semana, para avançar com um treino coletivo, mas houve a alteração da cor da bandeira. Nós precisamos ter compreensão, talvez uma semana. Vamos fazer um acompanhamento semanalmente. Não podemos pensar nisso agora (retorno do futebol). Antes de voltar a jogar precisamos pelo menos de uns 10 ou 12 dias de treinamento normalizado antes do retorno de futebol. Esta pergunta é muito difícil de ser respondida. No ambiente do futebol, estamos com toda a cautela possível e criamos uma estrutura em torno dos jogadores que eu acho que nenhuma atividade no Rio Grande do Sul deve estar fazendo o que estamos fazendo. Eu não quero estabelecer discussão ideológica, não é o momento para fazer isso. Nós sempre respeitamos as decisões governamentais e vamos seguir fazendo isso — concluiu.