O Inter tem uma situação relativamente simples, mas extremamente delicada em relação ao seu contrato com a Turner para a transmissão de jogos do Brasileirão em canal fechado em 2020. A parte descomplicada é que a pendência é de apenas uma temporada, ao passo que os outros clubes possuem compromissos mais longos - até 2024 - com a empresa norte-americana.
A decisão a ser tomada nesta sexta-feira (24), no entanto, tende a manter um litígio entre as partes, com a discussão do mérito passando para uma câmara arbitral da Fundação Getúlio Vargas, conforme o contrato assinado e que proíbe o ingresso das partes na Justiça Comum. Isto é tido como um processo extremamente demorado e significaria, no mínimo, um retardo para uma receita de R$ 30 milhões pelo clube, algo considerado gravíssimo em tempos de diminuição radical de recursos.
Mesmo com uma situação diferente dos outros sete clubes que têm seus jogos apresentados pelos canais Esporte Interativo (Palmeiras, Santos, Athletico-PR, Bahia, Coritiba, Ceará, Fortaleza), o Inter não terá seu caso examinado individualmente. O valor do contrato é bem menor do que os demais, embora considerado altíssimo pela direção colorada. O vice-presidente Alexandre Chaves Barcellos teme por um impasse, ainda que o veja como provável:
— Será a reunião definitiva. Não haverá casos examinados isoladamente e não estamos próximos de um acordo, conforme ficou claro nas reuniões anteriores. Será terrível se o caso for para uma decisão judicial pois isto nos tira 30 milhões no pior momento possível.
O dirigente acha que o rompimento do contrato é inevitável. As duas partes, porém — clubes e emissora — alegam que houve quebra de compromisso e cláusulas não cumpridas. O futuro colorado a médio prazo já está encaminhado com a venda dos direitos em canal fechado de 2021 a 2024 para o Grupo Globo, como já são as transmissões na TV aberta. Os valores em aberto são os da competição que não tem data para se iniciar. Havendo um distrato, os clubes poderiam renegociar o campeonato com outras empresas.
As equipes apostam numa desistência da Turner de exibir o Brasileirão e alegam que a exposição das temporadas anteriores não foi a que estava acordada. A empresa já disse que os clubes foram permissivos com a TV aberta e isto não era previsto. Além disso, ela nunca admitiu publicamente interesse em abandonar as transmissões do campeonato.