O Inter adotou medidas importantes para ter a maior tranquilidade possível em Santiago, antes e durante o jogo contra a Universidad de Chile, nesta terça-feira (4), no Estádio Nacional. Dentro de campo, a orientação aos jogadores é esquecer o ambiente de tensão social pelo qual passa o país e manter o foco apenas na partida da Copa Libertadores. Já fora de campo, o clube abriu mão da escolta policial, tanto para a delegação como para os torcedores. Por incrível que pareça, esta decisão aumenta a segurança de todos os colorados em território chileno.
Conforme explicado pelas autoridades locais, o time do Inter e a torcida colorada não são alvos dos protestos dos chilenos. A revolta dos manifestantes e das torcidas organizadas do país é justamente contra as forças policiais nacionais, os chamados "Carabineros". Por isso, curiosamente, andar escoltado em Santiago é mais perigoso do que circular por conta própria.
— O que nos foi passado é que o confronto das torcidas é algo interno deles. A delegação do time do Inter está se deslocando em Santiago com uma escolta de uma empresa de segurança privada. Já os torcedores sairão do ponto de encontro em um ônibus sem escolta. Eles (autoridades) disseram que não tem problema algum. Todos dizem que será muito tranquilo. As autoridades conversaram com as torcidas deles, e a promessa é de que o ambiente será menos hostil na terça — declarou o gerente de relacionamento social do Inter, Marcelo Benites, que representou o clube na reunião com os órgãos de segurança, na segunda (3).
A torcida colorada não terá um número expressivo no Estádio Nacional. A direção espera no máximo 300 torcedores. Um deles será o estudante de administração João Carli, 22 anos, de Porto Alegre. O jovem aproveitou uma viagem de férias para prestigiar o Inter.
— Eu já tinha planejado viajar para cá. Quando vi que o jogo seria durante as minhas férias, encaixei tudo. Tive um pouco de receio no início por conta dos protestos, mas não iria cancelar a passagem. Porém, noto que a cidade está tranquila. Andei com a camisa do Inter o dia inteiro e foi tudo tranquilo — relatou o torcedor.
No grupo de jogadores, a ordem é esquecer os protestos e focar nas estratégias de Coudet e nas virtudes do adversário.
— A gente precisa focar no nosso trabalho. Sabemos da dificuldade que vai ter esse jogo e sabemos que o país passa por uma situação que não é agradável, mas temos de nos preocupar com a gente — disse o zagueiro Víctor Cuesta.
O único treino colorado realizado em solo chileno, nesta segunda, também foi marcado pela tranquilidade. Sem enfrentar transtornos no trajeto até o Estádio San Carlos de Apoquindo, o Inter também não encontrou torcedores no campo de treinamento. Havia ainda poucos jornalistas. O silêncio da atividade só foi quebrado pelas constantes orientações do técnico Eduardo Coudet, que pedia intensidade e rapidez no passe.
A expectativa colorada é de que o ambiente de calmaria se mantenha durante o jogo contra a Universidad de Chile, nesta terça, às 18h, no Estádio Nacional. Mesmo com mais ameaças de protestos por parte de torcidas organizadas revoltadas com a polícia e com o sistema social chileno.