O Inter se reapresenta para a temporada 2020 na próxima quarta-feira (8). Entre os jogadores estará D'Alessandro, de contrato renovado por mais um ano. Até lá, no entanto, o camisa 10 colorado aproveita os últimos dias de férias na Argentina. Dentre os últimos atos antes de retornar a Porto Alegre, o meia concedeu uma longa entrevista ao jornal La Nación e fez um balanço sobre sua carreira — falou da relação com o Brasil e projetou o futuro.
— Aos poucos, você se torna mais profissional, entende suas obrigações ou cai fora. Os clubes pagam muito dinheiro, e o mínimo que o jogador tem que ser é um bom profissional. Eu discuti mil vezes com os treinadores, tendo ou não razão. Eu não sei se nós, jogadores, temos direito a pedir explicações, mas devemos cuidar as formas. Manter um equilíbrio, não misturar as coisas, saber que o futebol são momentos e saber que não somos imprescindíveis. Mas tudo isso eu aprendi com o tempo. Claro, já tenho 38 anos e meu protagonismo no Inter são momentos. Eu entendi, mas não foi de um dia para o outro — declarou ele.
O temperamento explosivo do jogador foi abordado inúmeras vezes. O próprio jogador admitiu que melhorou com o tempo. Porém, relatou que, ao chegar ao Inter, em 2008, foi "testado" por atletas como Bolívar, Índio, Magrão e Edinho.
— Queriam que eu revidasse, mas eu banquei tudo. Olhava para eles, me mordia e seguia. E assim eu os ganhei. Eu sou um louco, mas nunca poderão dizer que sou um filho da p... ou um sem respeito. Sempre entendi os códigos, porque as pancadas também te ajudam com o tempo — brincou.
Em um determinado momento da entrevista, D'Alessandro foi questionado se já pensa na sua aposentadoria.
— Nem penso, me sinto jogador. Vou jogar pelo menos um ano mais e não digo que vou deixar, mas nesta idade nunca se sabe. Então, prefiro objetivos a curto prazo. Talvez, indiretamente, vou me preparando. Por exemplo, o curso de técnico eu já fiz. O vestiário te dá muitas experiências, mas sempre é bom ler, aprender. Quando eu me aposentar, vou viajar durante seis meses para visitar, ver treinos e jogos. Tudo o que não pude fazer como jogador. Ver um jogo da Liga dos Campeões, por exemplo, porque não tive a sorte de jogá-la. Levar meus filhos para ver a Liga dos Campeões, algo que, pelo futebol, tive que adiar totalmente — revelou.
Perguntado sobre se poderia se transformar em dirigente, o argentino revela que já se relaciona diferentemente com alguns companheiros de equipe.
— Gosto, gosto... Não tenho claro ainda. Hoje, eu já faço isso, entre aspas, porque entre os quatro ou cinco líderes do Inter gerenciamos um grupo de 35 garotos com personalidades e até idiomas diferentes. Temos que controlar que eles treinem bem, fazendo-os entender que somos uma equipe, que se um não corre, complica para todos. Não sou pai de ninguém, mas faço tudo isso. Às vezes, até me passo um pouco — comentou.
A contratação do técnico Eduardo Coudet foi um dos temas abordados na conversa. E, como já havia feito em outras manifestações, D'Alessandro não poupou elogios ao ex-colega de River Plate:
— Vai fazer muito bem ao Inter, porque ele tem uma filosofia diferente. Começaram a respeitar um pouco mais os treinadores estrangeiros no Brasil por causa do Sampaoli e Jorge Jesus, que fizeram trabalhos espetaculares. O Chacho tem personalidade, intensidade, gosta de jogar para a frente, gosta do futebol ofensivo. Teremos pressão porque, em seguida, virá a pré-Libertadores. Não se pode falhar. Ele é um louco, eu o conheço como "Louco", mas é um dos loucos bons.