Não é só o treinador que o Inter busca fora do Brasil para 2020. O primeiro reforço da Era Coudet deve ser estrangeiro — e conhecido da torcida. O chileno Charles Aránguiz tem acerto de salários e tempo de vínculo com a direção e poderá assinar um pré-contrato a partir de 20 de dezembro, já que seu compromisso com o Bayer Leverkusen se encerra em 20 de junho. Mas o sonho dos dirigentes é tê-lo no Beira-Rio já a partir de janeiro.
Para atingir esse objetivo, porém, o clube gaúcho precisará trabalhar em duas frentes. A primeira é, teoricamente, mais fácil. Foram os atuais gestores Marcelo Medeiros (então vice) e Roberto Melo (na época diretor de futebol) que contrataram o destaque da Universidad de Chile treinada por Jorge Sampaoli, campeã da Copa Sul-Americana de 2011 (na qual foi eleito o melhor em campo na decisão) e dos campeonatos chilenos de 2011 e 2012, competição na qual ganhou apelido de Príncipe e marcou quatro gols em cinco jogos. A outra tarefa exigirá mais.
O Inter, provavelmente, precisará pagar uma quantia aos alemães. Claro que não serão os 15 milhões de euros (quase R$ 70 milhões) do valor de mercado atual do volante segundo o Transfermarkt, mas uma compensação financeira deverá ocorrer. O lado bom para os colorados é que os europeus não costumam complicar quando um atleta quer sair, o que é o caso de Aránguiz.
— Os clubes alemães têm ótima relação com os brasileiros e têm histórico de não segurar alguém que queira sair. Então não me surpreenderia se eles chegassem a um acordo para janeiro mesmo — opina o jornalista Mário André Monteiro, do site Alemanha FC, especializado em futebol do país vencedor da Copa do Mundo de 2014.
Se conseguir mesmo trazer Aránguiz no começo do ano, o Inter terá à diposição um meia mais completo do que aquele que deixou o Beira-Rio após a queda na Libertadores de 2015. Monteiro aponta que o chileno tem atuado em uma nova função:
— Na atual temporada, Aránguiz vem jogando em uma posição mais recuada, como primeiro volante. No Inter e no Chile, atuava mais avançado, como segundo ou até terceiro do meio-campo.
Depois de um começo irregular, em 2015, e de uma lesão grave no tendão de Aquiles logo na chegada, em agosto. Ficou 223 dias afastado do time até conseguir entrar em campo, em março do ano seguinte. Nesse período, perdeu 40 jogos, o que atrapalhou a adaptação. Quando finalmente começou a jogar, porém, teve boa sequência e caiu nas graças da torcida.
Desde então, são 106 jogos pelo clube alemão, sendo 101 como titular, nas quais ele marcou 10 gols e deu 15 assistências. É elogiado por sua participação intensa e por sua adaptação ao esquema de jogo. Até por isso, o clube não descarta abrir negociação para tentar convencê-lo a permanecer por mais uma temporada.
— O time como um todo é irregular, oscila bastante. É esse o cenário em que se encontra. Mas Aránguiz tem muita moral com o técnico holandês Peter Bosz, vem sendo titular de todos os jogos, um cara imprescindível. Só perdeu jogos quando estava lesionado, logo já retornou à equipe. É um excelente negócio para o Inter, que deve receber um jogador melhor do que enviou, ainda em uma boa condição e com o acréscimo de uma nova função no campo — finaliza Monteiro.
Além de jogar bem no Bayer Leverkusen, Aránguiz também tem bom cartaz na seleção nacional. O meia faz parte da mais vitoriosa geração chilena, bicampeã da Copa América em 2015/16, ambas vencendo a Argentina de Messi na final. O jogador, inclusive, cobrou (e converteu) cobranças de pênaltis nas duas decisões que participou. Fez parte também do time que disputou a Copa do Mundo de 2014, caindo para o Brasil nas oitavas de final.
Os dirigentes colorados têm como costume não comentar negociações até que estejam concretizadas.