Odair Hellmann não resistiu à má fase do Inter após o vice-campeonato da Copa do Brasil. Na tarde desta quinta-feira (11), a direção colorada confirmou o desligamento do comandante do time.
Ao todo, foram 116 jogos à frente do Colorado e 61 vitórias.
Relembre 10 momentos do técnico no clube:
1) Jogos como interino
Odair Hellmann teve três passagens como interino no comando do Inter. A primeira foi a mais negativa e marcante, em agosto de 2015, quando comandou o time no Gre-Nal dos 5 a 0 depois da demissão de Diego Aguirre. Logo depois, o Inter venceu o Fluminense por 1 a 0, pelo Brasileirão.
Em 2017, Odair estava com a seleção sub-20 e foi chamado às pressas para substituir o recém-demitido Antônio Carlos Zago. O Inter venceu o Palmeiras por 2 a 1, pela Copa do Brasil, mas foi eliminado no gol qualificado.
Novamente em 2017, Odair assumiu o Inter após a demissão de Guto Ferreira para as três rodadas finais da Série B. Empatou com o Oeste em 0 a 0, mas depois venceu Goiás e Guarani, ambos por 2 a 0.
2) Efetivação no cargo
Logo depois da vitória sobre o Guarani na 38ª rodada da Série B de 2017, o Inter confirmou a efetivação de Odair Hellmann como técnico do Inter para 2018. À época, existia o interesse em Roger Machado e Abel Braga, mas o clube optou por dar continuidade ao trabalho do antigo auxiliar.
— Tem capacidade de mobilização, de transmitir para os atletas, nos treinamentos, o que ele quer que seja feito. E (de fazer) os atletas entenderem, acreditarem e levarem pra campo. É uma decisão que já vinha sendo pensada, formatada. Será nosso treinador para 2018 — disse, na ocasião, o vice futebol Roberto Melo.
3) Estreia como efetivo
O primeiro jogo de Odair como efetivo no cargo foi no dia 18 de janeiro de 2018. Na primeira rodada do Gauchão, o Inter venceu o Veranópolis por 1 a 0, gol de William Pottker.
— Nos portamos bem, conseguimos fazer o que treinamos. Haverá evolução natural. Tivemos erros de passe, porque a perna está pesada, mas acho que está dentro do parâmetro natural de início de temporada — avaliou Odair, após o jogo.
4) Primeiros Gre-Nais e eliminação no Gauchão
Em março, Odair enfrentou uma difícil sequência de três Gre-Nais. Entre os clássicos, houve apenas uma vitória por 2 a 0 sobre o Cianorte, na Copa do Brasil. No primeiro Gre-Nal, válido pela primeira fase do Gauchão, o Grêmio venceu por 2 a 1 no Beira-Rio. Depois, os rivais se reencontraram nas quartas de final. O Grêmio venceu por 3 a 0, na Arena, e encaminhou a classificação. O Inter ainda conseguiu reagir na volta, no Beira-Rio, e venceu por 2 a 0, mas foi eliminado.
5) Eliminação na Copa do Brasil para o Vitória
A primeira competição nacional de Odair como efetivo do Inter foi a Copa do Brasil do ano passado. O time passou por Boavista-RJ, Remo e Cianorte, mas parou na quarta fase. Contra o Vitória, venceu por 2 a 1 no Beira-Rio, mas perdeu por 1 a 0 no Barradão. Nos pênaltis, derrota por 4 a 3.
6) Consolidação no Campeonato Brasileiro
Apesar de um começo conturbado, Odair começou a se estabelecer no comando técnico colorado ao longo do Brasileirão. O ponto de partida foi um empate em 0 a 0 com o Grêmio, quando o rival entrava como favorito. Com uma campanha consistente, levou o time, que era cercado por dúvidas, à briga pelo título. O Palmeiras disparou para a conquista, é verdade, mas o Inter concluiu a competição de forma regular e, com 69 pontos, ficou na terceira colocação — o que garantiu a volta do Inter à fase de grupos da Libertadores.
7) Nova perda no Gauchão
Em 2019, Odair iniciou a disputa do Gauchão com a expectativa de buscar o seu primeiro título como treinador. A projeção era, sem dúvidas, melhor do que no ano anterior. O Inter, desta vez, chegou à final — e a fase era até superior à do Grêmio na Libertadores. Contudo, após dois empates sem gols, a equipe colorada foi derrotada por 3 a 2 nos pênaltis e amargou o vice-campeonato.
8) Boa fase de grupos, mas queda na Libertadores
Mantendo o padrão do Brasileirão do ano anterior, o Inter começou bem na Libertadores. Na fase de grupos, conseguiu quatro vitórias contra os times mais fracos da chave, Palestino e Alianza Lima, e dois empates contra o atual campeão da América, o River Plate — esteve à frente nos dois jogos e, em ambos, cedeu o empate. Classificou-se com a terceira melhor campanha geral e enfrentou o Nacional-URU nas oitavas, avançando com duas vitórias sobre os uruguaios — 1 a 0, em Montevidéu, e 2 a 0, em Porto Alegre.
Nas quartas, porém, o Colorado terminou sua trajetória ao cair para o Flamengo. No Maracanã, Odair Hellmann apostou na experiência e escalou o ataque com D'Alessandro, Rafael Sobis e Guerrero juntos. A equipe até segurou o time carioca na maior parte do tempo, mas não teve força ofensiva. Quando tentou propor mais o jogo com as entradas de Nico López e Wellington Silva, o Inter sofreu dois gols e voltou do Rio de Janeiro com um placar negativo de 2 a 0.
Era esperada uma pressão colorada no Beira-Rio para tentar a virada sobre o Flamengo. Mas o que se viu foi o um time incapaz de oferecer perigo no primeiro tempo e ainda teve em Marcelo Lomba o seu melhor em campo. Na etapa final, o Colorado melhorou e abriu 1 a 0 com Rodrigo Lindoso. Na tentativa de uma pressão final, Odair sacou o zagueiro Cuesta e mandou a campo o meia Sarrafiore. O tudo ou nada deu em nada. Justo após uma bola perdida por Sarrafiore, o Flamengo iniciou o contra-ataque e empatou a partida, decretando a eliminação colorada.
9) Perda da Copa do Brasil
Odair Hellmann conseguiu levar o Inter a uma final de Copa do Brasil após 10 anos. Na decisão, a equipe tinha pela frente o Athletico-PR, que, apesar de passar por um bom momento, não está entre os considerados clubes grandes do Brasil. Mesmo após a derrota de 1 a 0 na Arena da Baixada, o Inter era tido como favorito para levantar a taça no Beira-Rio, onde defendia um aproveitamento de quase 80% na temporada. Mas a realidade foi muito diferente disso.
O Inter não contou com D'Alessandro, lesionado, para a decisão em casa. Odair escolheu Wellington Silva como seu substituto. Após um empate de 1 a 1 no primeiro tempo, o técnico optou por fazer uma mudança ofensiva no intervalo: Sobis no lugar de Patrick. Assim como ocorreu contra o Flamengo, a ousadia não deu o resultado esperado. Com o meio-campo enfraquecido, o Inter foi ainda menos perigoso no segundo tempo, conseguindo apenas uma finalização no alvo. Nos minutos finais, o Athletico-PR ainda conseguiu marcar o segundo e conquistou o título com uma vitória de 2 a 1 diante de mais de 50 mil colorados no Beira-Rio.
10) Nova derrota e demissão
As mudanças que não deram resultados positivos nos jogos importantes ajudaram a enfraquecer a relação de confiança da torcida em Odair Hellmann. A direção bancou o trabalho do treinador após a decisão. Na primeira partida após a perda do título da Copa do Brasil, o Inter venceu a Chapecoense, por 1 a 0, no Beira-Rio, dando um alívio parcial.
Porém, na sequência, derrota para o Flamengo, no Maracanã, por 3 a 1, em jogo marcado por duas expulsões de atletas colorados. Após empates com Palmeiras e Cruzeiro, o Inter perdeu por 1 a 0 para o CSA, que luta para fugir do rebaixamento. Com isso, após um ano e dez meses no comando da equipe — contando o período como interino —, Odair Hellmann foi demitido do Inter. No total, o treinador esteve à frente do time em 116 jogos, com 61 vitórias, 26 empates e 28 derrotas.