A timidez e a falta de força física chamaram atenção de todos quando Nico López chegou às divisões de base do Nacional-URU, aos 15 anos. Na época, o jovem jogador atuava como meia armador. A partir deste momento, o então técnico da equipe juvenil do clube uruguaio, Gustavo Bueno, apostou no atleta, mudou o seu posicionamento e ajudou a transformá-lo em um atacante de ponta do futebol da América do Sul.
— Quando o Nico chegou, bem jovem, era reserva do time juvenil, porque era muito pequeno e fraco fisicamente. Quando comecei a trabalhar com o atleta, ele jogava como camisa 10, era um armador. Fui o primeiro a colocá-lo como camisa 9 na equipe. E aí ele começou uma carreira fulminante, como atacante de área. Desde então, ele melhorou muito a parte física, adquiriu mais potência e também melhorou na personalidade. Ele era muito tímido quando era jovem. Foi uma das coisas em que melhorou muito. Mas sempre teve boa técnica. Depois que pegou confiança, se soltou — conta Bueno, que hoje dirige o Sud América, pequena equipe de Montevidéu.
Conforme o treinador, apesar de Nico López ter atuado como um meia armador na base do Wanderers, seu clube anterior, suas virtudes eram mais características de um atacante de área.
— Fui técnico do Nico por dois anos, quando ele tinha 16 e 17 anos. Nós fizemos muitos trabalhos de finalizações e ali vi que ele tinha muito posicionamento de área, além de ser um muito bom definidor. Então, disse a ele que ele passaria a jogar de 9 e não mais como um 10. Acredito que as virtudes dele são o posicionamento na área e a velocidade para definir com qualquer parte do corpo, inclusive de cabeça. Ele tem tudo que um atacante de área necessita — completa.
Apesar de marcante, a passagem de Nico López pelo time profissional do Nacional foi curta. Lançado em abril de 2012 pelo técnico Juan Ramón Carrasco, o jogador acabou sendo vendido à Roma ao final daquele ano. Em 2016, vinculado à Udinese, foi repatriado pelo clube uruguaio. Porém, a sua segunda passagem pela equipe durou apenas seis meses. No segundo semestre, acabou sendo contratado pelo Inter, onde não joga nem como 10 e nem como 9. Aos 25 anos, atua pelo lado, aberto na extrema esquerda.
— Vi várias partidas do Inter e vi que ele está atuando nesta posição. O treinador inteligentemente o colocou na esquerda, e ele se adaptou muito bem. Eu dizia ao Nico quando ele era jovem que era importante saber jogar em mais de uma posição. Penso que ele pode render muito bem tanto como um 9 de área como pela esquerda em um 4-1-4-1. Ele já demonstrou isso — finaliza Bueno.
No jogo desta quarta (24), entre Nacional e Inter, pelas oitavas de final da Libertadores, Nico López terá a primeira oportunidade de enfrentar o clube que o revelou para o futebol. E que revolucionou a sua forma de jogar, transformando-o em um atacante de ponta no futebol sul-americano.