Algumas horas antes da estreia do Inter na temporada de 2019, contra o São Luiz, em Ijuí, a comissão técnica colorada já havia feito uma visita ao Estádio 19 de Outubro. Estavam reunidos no saguão do hotel conversando, algo rotineiro momentos antes de um jogo. Um debate ocorria naquele momento no ambiente colorado: a necessidade de mais uma lateral-direito para o elenco. Entre os envolvidos no debate estavam Maurício Dulac, auxiliar e com grande conhecimento com passagens pela Seleção Brasileira, e Odair Hellmann. Ali, o martelo foi batido.
— Vamos trazer o Heitor — decretou o técnico do Inter.
O jovem tinha sido destaque na campanha promissora do clube na Copa São Paulo de Futebol Júnior. Mesmo com a eliminação para o Guarani, por 5 a 0, o rendimento do pelotense despertou o interesse dos comandantes da casamata vermelha.
Um problema virou outro: as férias programadas do jogador, marcadas inicialmente para fevereiro, já que o calendário da base é diferente do time profissional. O empecilho não demorou muitas horas a ser desfeito. Nos treinamentos seguintes, Heitor já estava realizando um de seus maiores sonhos: virar um atleta do Inter.
Aos 18 anos, ele foi alçado para ganhar experiência e rodagem. Ficar mais no banco e, em caso de necessidade, estar com o processo de amadurecimento relativamente desenvolvido. Quem conhece o atleta destaca a personalidade do lateral. Para Diego Cabrera, ex-coordenador da base do Inter, esse é dos pontos fortes.
— É um menino muito maduro. O Heitor sempre foi um menino centrado. A capacidade dele de conversar é muito boa, não só sobre futebol, mas outros assuntos. Ele escuta bastante e absorve tudo que o treinador passa — reforça o dirigente.
Para outro ex-gerente da base colorada, Jorge Andrade, hoje no Figueirense, a mudança na posição impulsionou Heitor, que chegou para o Inter como volante — um típico camisa 5. O responsável pela alteração foi o técnico do sub-20 do Inter, Fábio Matias. A personalidade também é destacada.
— É jogador que veste a camiseta e não sente o jogo — reforça Jorge.
Atuar na lateral direita é relativamente novo para o atleta. Em 2016, depois que o Progresso, clube de Pelotas, cidade natal do jogador, venceu o Estadual sub-17 sobre o próprio Inter, foi trazido como volante para o Beira-Rio junto com dois outros atletas — que, posteriormente, foram liberados.
O caminho a ser trilhado era semelhante ao de Taison e Rodrigo Dourado. Uma coincidência com o atacante campeão da América também é o representante, Alcyone Dornelles. Com um ano em Porto Alegre, foi sugerido que deixasse o meio-campo para jogar do lado do campo. Desde então, deslanchou na base do clube até ser chamado para os profissionais.
De janeiro até o último mês, apenas aprimorou fundamentos, além de trabalhar com os novos companheiros. Quando foi utilizado, sempre pelos times ainda com jogadores da base — seja pelo Brasileirão de Aspirantes, em seis jogos, ou pela Copa do Brasil Sub-20, em três oportunidades.
Toda preparação colaborou na evolução do lateral. Em uma semana, fez a estreia contra o Athletico-PR e jogou o seu primeiro clássico Gre-Nal. A atuação no principal confronto do Rio Grande do Sul rendeu elogios por parte do treinador colorado.
— Ele é uma realidade. Mais um jogador que o Inter forma e, mesmo com a dificuldade de ter tomado o cartão cedo, ele foi muito bem. Foi consistente e maduro, e até por isso que eu o deixei o jogo todo. Teve boa postura e mostra que esta apto a jogar as partidas — disse Odair após o Gre-Nal do último sábado.
A tendência é que Heitor permaneça no banco de reservas nas próximas semanas. Na quarta-feira, no Uruguai, ele deve ser relacionado, pois Bruno é o titular. Zeca é aguardado para retornar nos próximos dias, mas ainda não conta com uma data prevista. Em breve, mais oportunidades devem pintar para uma das apostas do clube no curto prazo.