Parecia um roteiro de filme. Foi preciso um jogo atípico, com chuvarada, queda de granizo e falta da energia no estádio, para que o Inter conquistasse a sua primeira vitória na história da nova Arena Independência, inaugurada em 2012.
Além disso, o triunfo colorado por 1 a 0 veio pelo pé direito de um improvável goleador, o volante Edenilson. Com o resultado no fechamento da 17ª rodada, o Inter voltou a ocupar a terceira colocação do Brasileirão, com 32 pontos, três atrás do líder, São Paulo.
O Inter volta a campo na próxima segunda-feira, outra vez fora. No Maracanã, enfrenta o Fluminense, no penúltimo jogo do primeiro turno. Dependendo da combinação de resultados, pode até assumir a liderança.
— Foi uma vitória fundamental, contra um adversário direto, dono do melhor ataque da competição. Foi importante não ter sofrido gol aqui. Recuperamos essa regularidade. Vamos trabalhar duro para ir ao Rio e conquistar mais uma vitória. Acreditávamos nessa boa campanha, o começo foi muito difícil, jogando contra as principais equipes do Brasileirão, fora de casa. No returno, enfrentaremos elas em casa comentou o vice de futebol do Inter, Roberto Melo.
Questionado sobre o interesse do Inter em contratar Paolo Guerrero, o dirigente disse:
— Guerrero é um grande jogador. Em 2014, eu e Marcelo Medeiros fomos a São Paulo e conversamos com o procurador do Guerrero. Tínhamos interesse no Guerrero e no Dudu. Não pudemos trazê-los porque perdemos a eleição (para Vitorio Piffero). Ele é um grande jogador, e interessa também ao Flamengo, que está tentando renovar. Se tivermos condições de trazer um grande jogador, vamos trazer. Todo o grande jogador é caro. O Inter tem condição, sim, de contratá-lo.
— Na palestra, eu usei a seguinte frase: "jogo de detalhes". Um jogo deste tamanho é decidido em detalhes. Atlético-MG levou o gol de empate do Bahia aos 48 minutos do segundo tempo. Era um jogo decisivo, uma final, valiam seis pontos. Uma falta batida rápida, algo que o juiz tinha deixado o Atlético-MG fazer no primeiro tempo, e, nós, não. Estava na hora de o Edenilson fazer um golzinho — comemorou Odair. — Estamos em um lugar bom, mas não chegamos a lugar algum. Precisamos continuar com essa performance, aí, sim, ao final vamos ver. Se continuarmos assim, vamos brigar por coisas grandes ao final do campeonato — completou o treinador.
Após um começo de jogo um tanto confuso em Belo Horizonte, o Inter conseguiu se acertar somente depois dos 10 minutos. Antes disso, chegou a ceder dois lances perigosos aos mineiros. Com a Arena Independência cheia, o Atlético-MG começou a ganhar corpo e atacar um Inter que só se defendia e dava chutões. O setor ofensivo colorado não funcionava. Poucas vezes no campeonato, meio-campo e ataque pareceram tão desconectados.
Uma pequena amostra do fraco poderio ofensivo do Inter no Horto foi que o primeiro escanteio colorado saiu somente aos 31 minutos. Aos 34, enfim, uma boa costura no ataque. Nico López encontrou Jonatan Alvez na área, e o uruguaio escorou para William Pottker que, de frente para o gol, mandou por cima. O primeiro tempo chegou ao fim com um Inter mais equilibrado em campo, mas sem causar maiores preocupações á defesa mineira.
No segundo tempo, sob intensa chuva, o Inter passou a ser pressionado pelos donos da casa. Aos sete minutos, o jogo foi paralisado devido ao granizo. Com as pedras de gelo caindo por 10 minutos, o gramado do estádio ficou parecendo gramados em noites de neve do inverno europeu. Os atletas correram para as casamatas, esperando o bombardeio passar.
Na retomada da partida, já sem as pedrinhas, mas ainda sob forte chuva, foi a vez de uma segunda interrupção: faltou luz no Independência. Nunca um Atlético-MG e Inter foi tão conturbado. Desta vez, porém, todos os jogadores rumaram para os vestiários.
Às 21h38min, quando o clássico deveria estar quase acabando, a partida foi reiniciada, depois de 22 minutos de paralisação. Sem granizo, nem chuva, o jogo foi retomado (de novo).
O Atlético-MG seguiu em cima do Inter. O jogo ficou aberto e, por pouco, o Inter não sofreu um gol de contra-ataque. Ricardo Oliveira disparou contra a defesa e passou para Terans, que bateu cruzado, para fora.
Aos 56 minutos, um inusitado artilheiro surgiu. Uma falta cobrada rapidamente, Patrick escorou com o peito, onde Edenilson entrou em velocidade em meio aos zagueiros e bateu no canto esquerdo de Victor: 1 a 0. Em um clássico pitoresco, o Inter ganhou pela primeira vez no Horto, e já vislumbra a liderança do Brasileirão.