Quando desembarcou da ala internacional do aeroporto Salgado Filho, na noite de 1° de julho, Martín Nicolás Sarrafiore impressionou os torcedores que o aguardavam no saguão. O ideário de um meia argentino, líder, erguido no Inter por Andrés D'Alessandro, de repente era desconstruído perante a realidade de um atleta jovem, de 20 anos, magrinho, tímido, e com jeitão de um guri de 17 anos. Trajando boné, uma blusa preta e jeans, Sarrafiore poderia facilmente ser confundido com um dos tantos adolescentes que voltavam das férias na Disney.
Nesta quarta-feira, Sarrafiore cumprirá um mês de Inter. Segue sem previsão de estreia, mesmo que já tenha tido o seu nome publicado no BID, e que já pareça mais forte do que quando chegou - ainda que desde a sua chegada tenha ficado a cargo da comissão técnica, sem passar pelo período de retreinamento, com o coordenador de performance Élio Carravetta. Nos treinos, o meia canhoto buscado no Huracán tem evoluído a cada dia. Já demonstra em campo grande qualidade técnica, visão de jogo e uma frieza portenha em frente ao goleiro.
Mas claro que há muito a aprimorar para encarar a sua carreira no futebol brasileiro. Sarrafiore ainda é presa fácil para volantes e zagueiros. Perde a bola com facilidade em divididas e choques. O Inter não tem pressa alguma para ver Odair Hellmann escalando o armador no Brasileirão. Há a máxima precaução em deixar o atleta em condições totais de competição. Afinal, desde janeiro, quando assinou o pré-contrato com o Inter, o jogador levou um gancho e foi escanteado pelo Huracán. Realizava apenas treinos físicos.
A partir de agosto, o Inter avaliará a evolução do atleta e é possível que o novato siga treinando com o elenco principal, mas que passe a integrar a equipe sub-23. Até o final da temporada, o grupo terá pela frente a disputa da Copa Paulo Sant'Ana (a Copinha) e o Brasileirão da categoria.
A ideia é cuidar da parte física e, depois, quem sabe, usar o Sarrafiore no time sub-23, para que possa ir pegando ritmo de competição
RODRIGO CAETANO
Diretor-executivo do Inter
— Primeiro, precisamos recuperar o déficit físico que Sarrafiore (1m80cm e 70 quilos, nos tempos de Huracán) ainda tem. Depois, vamos ver o que fazer. Mas colocá-lo logo de cara no time de cima pode gerar frustração, por causa da expectativa. A ideia é cuidar da parte física e, depois, quem sabe, usá-lo no time sub-23, para que possa ir pegando ritmo de competição — comentou o diretor-executivo do Inter, Rodrigo Caetano.
Enquanto Sarrafiore se prepara para, aos poucos, receber as primeiras oportunidades no Inter, na Suíça, o Huracán tem esperanças de receber uma compensação pelo que considera a perda do jogador para o Inter. O clube de Buenos Aires foi à Fifa e aguarda um parecer da entidade sobre o pedido que o Inter ressarça o Huracán em US$ 10 milhões (cerca de R$ 40 milhões) por Sarrafiore.
— Encaminhamos a petição desde a AFA (Associação de Futebol Argentina) para a Fifa. O prazo dado pela entidade para uma resposta é de seis meses. Estamos esperançoso — disse Luis Sasso, vice-presidente do Huracán.
Alheio às questões entre os clubes, Martín Sarrafiore tem no Inter a grande chance de sua carreira. Logo em sua chegada ao Beira-Rio, ele declarou:
Sou um jogador que gosta de ter a bola, que está em contato sempre com o jogo
MARTÍN SARRAFIORE
- É uma responsabilidade grande (jogar no Inter). É a grande chance da minha vida, quero aproveitar. O período antes de vir foi difícil. Não passei bem. Mesmo assim, tenho as melhores recordações do Huracán, tenho muitos companheiros de quem gosto muito. Sou um jogador que gosta de ter a bola, que está em contato sempre com o jogo. Gosto de driblar, chegar ao gol e ajudar a equipe.
Se tudo der certo para o Inter no restante de 2018, Sarrafiore poderá buscar vaga entre os titulares no ano que vem, na Libertadores.