Por Amanda Munhoz e Leandro Behs
Após um mal começo de ano, com eliminação ainda cedo Campeonato Gaúcho, além de uma arrancada ruim no Brasileirão, o Inter parece ter encontrado um bom caminho. Encerrou a primeira etapa do Brasileirão na zona de classificação à Libertadores, somente um ponto atrás do vice-líder, e a retomada do campeonato parece promissora para os colorados.
Nessa entrevista a ZH, o presidente Marcelo Medeiros fala sobre as projeções para o futuro do clube, mas, mesmo com os milhões que aportaram no caixa do clube com as recentes negociações, não há como fugir do inevitável: o Inter vai vender pelo menos um titular. Confira os principais trechos da entrevista:
Que balanço o senhor faz da largada do Brasileirão, cuja tabela para o Inter foi considerada difícil?
Era uma tabela muito difícil mesmo. E o Inter está atingindo os seus propósitos, de chegar na parte de cima da tabela, mais perto do líder, fazendo campanhas semelhantes às dos postulantes ao título.
Com esse novo aporte financeiro, o Inter vai às compras nesse meio de ano?
Essa é uma janela mais intensa, em termos de mercado. O Inter está sempre atendo, procurando qualificar o seu grupo, está atento à questão financeira. A gente trata saídas e chegadas com a mesma importância. Importante é o Inter ter um grupo qualificado, que dará melhor condição na tabela, e transações que vão ao encontro da situação financeira do clube.
Como sugiram estas transações com Anselmo (vendido para o Al-Wehda) e Valdívia (emprestado para o Al-Ittihad)?
Este cenário, este novo mercado, já estava sendo aguardado pelo clube. O Inter tem a sua estratégia e, dentro de uma análise da comissão técnica, é melhor que os jogadores estejam exercendo a sua atividade em outros clubes. E foram transações concluídas, Despertaram interesse neste mercado que está surgindo. Assim como jogadores que foram formados na nossa categoria de base e hoje estão na Seleção, e estão sendo mencionados no mercado internacional. E o Inter recebendo o Mecanismo de Solidariedade por ter sido o formador.
O Inter tem de ir atrás do dinheiro da venda do Fred e (da provável venda) do Alisson? Quando recebe pelo Mecanismo de Solidariedade da Fifa?
Assim que tivermos a confirmação da formalização das negociações há um prazo, que ainda não foi estipulado. Então, até o momento, não tem necessidade de ser acionado nada e a gente sabe que os clubes cumpram os seus compromissos.
Como estão as finanças do clube?
Apresentamos as contas que foram auditadas. É muito próximo daquilo que a gente apresentou para a imprensa, no ano passado. O Inter enfrentou uma série de dificuldade financeira, há um ano meio. Mas estas vendas das quais falamos nos permitem que o clube chegue muito próximo da metade da dívida projetada (o Inter precisa fazer um caixa de pelo menos R$ 55 milhões em negociações de jogadores no ano e, caso se confirma a compra de Alisson pelo Real Madrid, o clube já terá obtido mais de R$ 42 milhões. Acho que a conclusão destas outras transações que se comentam no mercado internacional, e a redução de despesas, que vamos apresentar no trimestre, no balanço deste ano, o Inter estará muito perto do equilíbrio financeiro que a gente almeja e que o clube precisa.
Mesmo assim, o Inter precisará vender alguém?
O Inter é um clube formador e vendedor de atletas. Temos na receita da venda de atletas um dos nossos pilares. Vindo uma proposta que seja boa para o clube e bom para o atleta, vamos analisar.
A equipe atingiu a maturidade a ponto de não sofrer mais com a D'Aledependência?
Esta expressão é midiática. D'Alessandro é o capitão do time e está com problema físico (lesão muscular na panturrilha esquerda). O importante é que temos peças. Mas ele é um jogador muito expressivo, é uma referência técnica para todos os seus colegas, e ídolo do clube.
Hoje, quem tem mais mercado ou risco de sair? Pottker ou Dourado?
Acho que o Inter é muito qualificado, e não cabe à direção especular.
Mas chegou proposta por alguém?
Não, ainda não.
Por que a escolha de Atibaia (cidade distante 66 quilômetros de São Paulo) para a realização da intertemporada?
Porque lá se tem todas as condições para se fazer um bom trabalho. A gente divide essa intertemporada. Terá o período de descanso, depois um trabalho no CT Parque Gigante, e o período de confinamento será em Atibaia, pois tem todas condições físicas e materiais. Ele (o é estruturada para isso, recebeu clubes e seleções para este fim específico e dará ao grupo as condições, as reservas necessárias para a gente fazer o aprimoramento. A gente foge do frio. É um período de férias, em que outras localidades têm dificuldade de espaço.
Há algum amistoso já programado?
Não, até o momento não tem nada formalizado.
As vitórias contra Santos e Vasco foram para entusiasmar torcida e direção? Porque a segunda parte deste primeiro turno parece menos complicado.
Se a gente olhar a tabela, enfrentamos os 10 primeiros colocados. Faltam o Atlético-MG e Botafogo. Não tem jogo fácil, respeitamos os adversários. Temos de manter esse percentual de aproveitamento, principalmente no Beira-Rio. Temos que estar preparados, vamos nos dedicar. É o que dissemos: o Inter vai lutar, lutar muito.
Eduardo Henrique será emprestado ao Belenenses (POR). E quanto a Fernando Bob e Seijas? Seguirão treinando em Alvorada ou há chances de serem negociados?
São jogadores do Inter, que o Inter está esperando o melhor aproveitamento deles. Vamos aguardar. Não tem nada definido.
O senhor acredita na vaga à Libertadores?
Eu acredito no Inter. Acredito na torcida do Inter. Acredito que time e torcida podem levar o Inter muito longe, e os nossos sonhos estão cada vez maiores.
Surpreendeu positivamente como o time cresceu do Gauchão até parada do Brasileirão?
A gente conhece muito bem o grupo, o ambiente é bom, a seriedade é ótima. E os resultados estão aparecendo. Estamos felizes com o comprometimento dos atletas, da comissão, da direção, de todos os setores do clube, para que a gente pudesse fazer boa campanha.
Por que a necessidade de contratar Rodrigo Caetano?
Ele é um dos precursores desta atividade. Quando a gente iniciou o trabalho ele estava empregado. Quem trouxe o Jorge Macedo das categorias para o departamento de futebol profissional fomos eu e o Roberto Melo (vice-presidente de futebol). Quando do desligamento, eu disse que ele não ficaria um mês desempregados. Mas foi uma situação que o Jorge Macedo já havia dado a sua contribuição. Assim que a gente finalizou a relação com o Jorge, fomos atrás deste profissional no mercado.
Qual o projeto para o meia argentino Martín Sarrafiore, contratado ao Huracán, e que chegará a Porto Alegre em 1º de julho?
É um jogador que vai precisar de um tempo para se recuperar. Recuperar a condição de jogo, a condição física. Vamos ter paciência e cuidar com carinho e cuidado dele. Ele vai para Atibaia. Faremos uma avaliação física e clínica quando se apresentar. Todos os jogadores que chegam, independente da idade, passam por uma bateria de análises.
E eleição? Quando o senhor vai lançar candidatura à presidência para o biênio 2019/2020?
Nós não estamos falando disso. Queremos voltar forte na segunda parte do Brasileirão.
O Inter já está planejando a temporada 2019?
A gente não está trabalhando só para o nosso exercício. Pensamos no Inter, não na gente.