Estar nas arquibancadas do Beira-Rio, na noite desta quarta-feira, é tua obrigação. Não passaremos de fase. Longe disso. Sequer venceremos, já que não há nem a mais remota chance de golearmos o Grêmio. Perderemos mais uma vez, quem sabe até com algumas notas de fiasco, mas estaremos lá. Presenciar o horror que se avizinha nos fará mais fortes, vai por mim.
Torcer para um time de futebol, afinal de contas, é 90% sofrimento, 7% insanidade e apenas 3% de celebração (quando tanto). Torcer para o Inter, então, sempre foi uma coisa especialmente sofrida e difícil - e eu sempre vi nisso um certo romantismo, uma aura especial, humilde, diferente.
Vencer é fácil demais. Celebrar coisas na Goethe - seja qual for a Goethe do teu município - é uma barbada. Legal mesmo é pegar chuva para ver o Inter perder de virada para o Figueirense depois de abrir 2 a 0 no Beira-Rio. Divertido é ter estado presente naquela touquística e vexatória eliminação contra o Juventude em 1999. História boa do Inter tem mesmo é quem até hoje paga a sua viagem aos Emirados Árabes em 2010.
Perder não mata. Perder fortalece. Não teríamos explodido em êxtase e loucura às 23h53min de 16 de agosto de 2006 se não tivéssemos perdido para o Olímpia em 1989. Não teria o mesmo gosto levantar América com o Fernandão se já o tivéssemos feito outras várias vezes com o rolo compressor, com Falcão, com a "geração de prata", com Christian e Fabiano ou com o time do Muricy.
Aquela noite só foi o que foi por conta de todo o sofrimento vivido até ali (e, hoje, não trocaria o que eu vi e senti naquela noite por absolutamente nada). Começamos a conquistar este planeta em cada noite de decepção, fiasco e agonia.
Veja bem, não vou aqui tentar dizer que perder é melhor do que vencer. Tampouco que vai ser bonito ver o Grêmio sapatear na nossa cara novamente. Será uma noite péssima, tenebrosa, dolorida e detestável. Mas vai, também, ser a noite responsável por moldar (mais uma vez) o nosso caráter enquanto torcedores do Sport Club Internacional.
Daqui a pouco, quando vencermos o Grêmio ( e a América, e o Mundo) novamente, vamos celebrar com ainda mais afinco e felicidade por conta dessas três derrotas em sequência. Por essa eliminação estadual, pelo rebaixamento nacional. Qualquer glória futura terá mais sentido justamente por causa da angústia passada.
Torcer para time de futebol é isso: sofrer uma eternidade até que se abra uma nesga de três segundos de felicidade. Estar presente, para sofrer in loco e com maior intensidade, é nossa obrigação porque, se esta noite será de raiva, aqui começamos a construir a
E aí,
quando essa felicidade vier,
quando o sofrimento acabar,
bah.
Vai ser 23:53 de novo.