Segundo a teoria do multiverso (que abrange algumas boas dezenas de outros conceitos físicos e filosóficos que parecem demasiado complexos para serem citados em um texto que vai falar de como o Inter é, hoje, pior do que o Grêmio), existem vários universos coexistindo com o nosso. Vários não, infinitos universos existindo ao mesmo tempo.
Mesmo os cenários mais esdrúxulos, malucos e desajustados que consigamos imaginar são realidade em algum deles. Há, neste momento, um universo no qual elefantes voam usando suas trombas como hélice, um onde Geferson desarmou o ataque do Tigres com um balão perfeito em direção a lateral (este é um dos meus favoritos) e outro - onde infelizmente estamos - em que Jael, cruelmente, cobra faltas a 150 metros de distância e acerta pedradas no ângulo do goleiro do Inter.
A bola ainda estava no ar após ser tocada de ombro pelo já referido atacante gremista quando, para mim, ficou claro o buraco nessa teoria de "universos infinitos" e "possibilitades ilimitadas". Resolvi - ali, sentado, assistindo em choque a mais um massacre azul - uma teoria que há décadas intriga cientistas renomados em todo o planeta.
É fisicamente impossível que a teoria do multiverso seja verdadeira porque é também inconcebível que o Sport Club Internacional de março de 2018 consiga vencer uma partida do Grêmio Football Porto-Alegrense de março de 2018. Não há chance. Não há caminho. Não há salvação para essa teoria (ou para o nosso sucesso no Gauchão 2018).
Em outras realidades paralelas, porcos podem estar acertando negociações comerciais em animadas conversas na sala de estar; hobbits podem estar salvando o planeta ao destruir anéis em distantes montanhas; um repórter televisivo pode estar preso em uma falha temporal que o obriga a reviver todos os dias as mesmas 24h em um loop infinito. Tudo isso pode estar de fato acontecendo, mas esse Inter em nenhuma possibilidade e de nenhum jeito vai fazer mais gols do que esse Grêmio em uma partida de futebol (mesmo nos universos onde os jogos tem a duração de 7 anos e meio para cada lado).
E não foi por falta de treinamento ou concentração. O Inter fez um primeiro tempo absolutamente perfeito neste domingo e, ainda assim, foi para o vestiário derrotado. O time marcou bonitinho, o time atacou com perigo, o time teve a bola para si. Mesmo o nosso nível mais alto de atenção e entrega em uma partida de futebol não consegue ser convertido em placar favorável diante do rival.
Se durante a semana a esperança recaía justamente na vontade, na força, no abraço ao caos como possibilidade única de triunfo nessa disputa, agora ficou claro que realmente não há nada a ser feito. Nada do que possamos construir, hoje, será capaz de evitar uma derrota como a do Gre-Nal 414.
Calma. Não é terra arrasada, que fique claro. É um jogo entre um time que está sendo construído há 4 anos, que há muito tem jeito de jogar e peças encaixadas, contra uma equipe que ainda está estreando jogadores. Ser pior, aqui, é normal. Estranho seria voltarmos do inferno segundino, com oito trocas de treinador por ano e sem nenhuma grande contratação e ainda assim vencer ao natural os caras.
Nessa semana o Grêmio empatou com o empate no placar geral do maior dos clássicos deste país. Na quarta-feira, deve superá-lo em definitivo. Não há nada que eu, tu, o D'Alessandro ou o Odair possamos fazer para mudar isso. O abismo é gigantesco. A diferença é absurda. Está sendo bem difícil viver neste universo aqui.