A confirmação matemática do Inter à Série A do ano que vem antecipou a discussão sobre qual deve ser o caminho colorado em 2018 para não só se manter no grupo de elite do futebol brasileiro mas também reencontrar as campanhas que marcaram sua trajetória nos anos 2000.
Das equipes grandes que foram rebaixadas e retornaram, as que obtiveram melhores resultados foram as que mantiveram comissões técnicas e uma filosofia de jogo — e algumas, dentro do possível, seguraram seus principais jogadores.
Veja como foi o desempenho desses clubes.
Grêmio — caiu em 2004, subiu em 2005
Depois do acesso obtido na Batalha dos Aflitos, o Grêmio fez uma campanha de recuperação no Brasileirão de 2006. A direção manteve a comissão técnica liderada por Mano Menezes mas reformulou o grupo de jogadores. Dos titulares na vitória sobre o Náutico, apenas o goleiro Galatto e o lateral-direito Patrício se mantiveram entre os 11 que mais entraram em campo. Ainda assim, ambos disputavam posição (o goleiro, com Marcelo Grohe e Cássio; o lateral, com Alessandro). No Estadual, foi campeão após empatar os dois jogos da final com o Inter (0 a 0 no Olímpico, 1 a 1 no Beira-Rio). Na volta à elite nacional, foi terceiro lugar, atrás de São Paulo e Inter. A posição deu uma vaga na Libertadores de 2007 — a qual, ainda sob comando de Mano Menezes, perdeu a decisão para o Boca Juniors.
Atlético-MG — caiu em 2005, subiu em 2006
O ano do retorno do Atlético-MG à Primeira Divisão foi atrapalhado fora de campo, mas relativamente tranquilo dentro. Depois de recuperar a equipe na Série B e conquistar o Campeonato Mineiro, Levir Culpi recebeu uma vantajosa proposta do Japão e deixou o Galo. A partir daí, houve um desfile de treinadores e estilos na casamata: entre os interinos Tico dos Santos e Jorge Valença, passaram os contratados _ e demitidos _ Zetti, Marcelo Oliveira Silas e Leão. O time manteve metade dos jogadores que subiram e ficou em oitavo lugar.
Corinthians — caiu em 2007, subiu em 2008
A maior campanha da história da Série B foi escudada por um trabalho de remontagem do Corinthians liderado por Mano Menezes. Aproveitando uma Copa do Brasil sem as equipes que disputavam a Libertadores, o Timão foi à decisão da competição nacional, e perdeu para o Sport ainda no ano que estava na Segunda Divisão. Depois de passear no torneio, voltou à elite consolidado. Contratou Ronaldo, o Fenômeno, manteve destaques como William, Elias e Dentinho, segurou Mano Menezes e já na temporada de retorno, conquistou o Paulistão e a Copa do Brasil. Aquela base foi o embrião para o clube reencontroar o caminho de vitórias: do rebaixamento até hoje, os paulistas conquistaram Copa do Brasil, três Brasileirões, a Libertadores, o Mundial e a Recopa.
Vasco — caiu em 2008, subiu em 2009
Depois do primeiro rebaixamento de sua história, em 2008, o Vasco soube se reerguer na Série B. O time carioca venceu a Segunda Divisão com sete pontos a mais do que o segundo colocado. Naquela competição, seus principais destaques foram os atacantes Alex Teixeira e Élton. O técnico era Dorival Júnior, que saiu ao final da temporada. Em 2010, o time teve quatro treinadores: Vágner Mancini, Gaúcho (interino), Celso Roth e PC Gusmão. Os principais condutores da equipe à Primeira Divisão saíram do clube. No ano seguinte, em 2011, sob a tutela de Ricardo Gomes (e depois pelo então auxiliar Cristóvão Borges), o Vasco foi campeão da Copa do Brasil e alçou voos maiores na Libertadores e no Brasileirão.
Palmeiras — caiu em 2012, subiu em 2013
O ano do rebaixamento do Palmeiras começou tendo como técnico Luiz Felipe Scolari — e o título da Copa do Brasil. Depois, em 2013, o comando do time paulista ficou a cargo de Gilson Kleina. Foi ele quem conduziu à conquista da Série B. Mas a volta do time à Série A foi dramática. Sem conquistas estaduais ou nacionais, Gilson Kleina não resistiu. O Palmeiras tentou se recuperar com Ricardo Gareca, que indicou um time inteiro de argentinos, e Dorival Júnior terminou o ano (em 16º lugar, só não sendo novamente rebaixado graças a resultados paralelos na última rodada). Depois do susto, porém, fez uma parceria com um banco e teve dinheiro para se reconsolidar entre os gigantes do Brasil.
Vasco — caiu em 2013, subiu em 2014
A segunda Série B do Vasco teve segundo retorno. A equipe caiu em 2013, em uma partida final contra o Atlético-PR em Joinville marcada por uma pancadaria entre torcedores nas arquibancadas. Houve reflexo em campo: em vez do título com tranquilidade de 2009, 2014 reservou drama e classificação na última rodada. Adilson Batista comandou parte da competição, deu lugar a Joel Santana. Doriva começou a temporada seguinte, em 2015, conquistando o título brasileiro, com um elenco reformulado. Depois de ser sondado pelo Grêmio (que fechou com Roger Machado), insucessos recorrentes o fizeram dar lugar a Celso Roth. Caiu de novo em 2015. O único time grande a não resistir nem mesmo um aninho após o acesso.
Botafogo — caiu em 2014, subiu em 2015
O ano do Botafogo na Série B começou com René Simões. A perda do Estadual para o Vasco e a eliminação na Copa do Brasil para o Figueirense, quando a Segunda Divisão já havia iniciado, deixaram o cargo do treinador insustentável. Demitido, deu lugar a Ricardo Gomes. Ele comandou a equipe no título por antecipação da Série B e deu início, no ano seguinte, à campanha de consolidação no cenário nacional. Saiu em agosto a convite do São Paulo. Assumiu em seu lugar o então auxiliar Jair Ventura. E o filho do Furacão da Copa de 1970 foi o responsável por devolver o Botafogo à Libertadores.
Vasco — caiu em 2015, subiu em 2016
A terceira participação do Vasco na Série B teve mais a ver com a segunda do que com a primeira. O ex-lateral Jorginho teve a incumbência de tirar o clube da Segunda Divisão. Ganhou o Estadual de 2016, o que deu fôlego para conduzir até o fim do ano _ quando acabou em terceiro lugar. Em 2017, o time começou treinado por Cristóvão Borges (que caiu ainda em março) passou por Milton Mendes e agora está a cargo de Zé Ricardo. Caminha a passos firmes para disputar a Libertadores do ano que vem.