Em 1994, quando o Brasil era um país tentando iniciar um período de crescimento, o então ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, foi flagrado no "escândalo da parabólica". Antes de entrar no ar para uma entrevista, o ministro soltou uma das frases mais constrangedoras da nossa história recente: "O que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde."
Desde aquele fatídico jogo em Mesquita contra o Fluminense, que definiu o rebaixamento, tenho ouvido de alguns colorados: "Não quero ser campeão da Série B, quero esquecer esse ano, vamos apagar isso da história". Eu discordo. Absolutamente. Nós temos de ser campeões. Mais do que isso: o troféu precisa ficar na mesa do presidente até o fim dos dias.
Pode trocar a mesa. As canetas. As cadeiras. Mudem a sala. Tudo pode acontecer. Mas o troféu deve estar ali. O troféu da B será parte do planejamento do Inter em todos os momentos.
Pensou em destruir arquibancada? Olha o troféu.
Alguém teve a ideia de contratar um jogador de 30 anos, destaque da Penapolense? Olha o troféu.
Após uma sequência ruim, surge a brilhante ideia de trazer um ídolo para acalmar os ânimos? Fixa os olhos no troféu, lustra ele e educadamente rejeita.
Contrato de cinco anos com um jogador em fase final de carreira? Bate a cabeça no troféu até mudar de ideia.
O processo de reconstrução do Internacional começou em 1° de janeiro e ainda temos um longo caminho para percorrer. Não podemos varrer os erros para baixo do tapete: 2016 deve ser sempre lembrado, devemos criar um guia de prevenção (com fotos e nomes), um tratado que deve ser lido, assinado e registrado por cada funcionário do Inter.
Sem contar que ser campeão até carrega algumas vantagens. Será a primeira conquista de um clube gaúcho na era dos pontos corridos, iremos garantir vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil em 2018 e, como cereja do bolo, carregaremos aquele símbolo incrível na camiseta, ostentado hoje pelo Atlético-GO.
Se nosso tradicional rival tivesse tomado alguns cuidados após a primeira vez, talvez não tivesse sofrido tanto na segunda.