Em minha coluna de ZH de quarta-feira, acerca da permanência ou não de Guto Ferreira no Inter em 2018, abordei a falta de qualidade do elenco do Inter do meio para trás. Prometi voltar ao tema e me posicionar. É o que faço agora, com argumentos.
O elenco colorado desequilibrado é atenuante na hora do mau momento, sem dúvida. Especialmente se, antes desta série de resultados e atuações recentes medonhas, foi justamente essa organização defensiva que trouxe o Inter à liderança. Mas tem o outro lado, e este é decepcionante. A transição ofensiva é simplória. Os gols saem, mas dependentes demais do lance aéreo para Damião e do rebote. É pouco para 2018.
Há esquálida movimentação e trocas de posições entre os homens da frente. Pottker fica sempre na direita. Sasha, na esquerda. D'Alessandro recua e centraliza. Os laterais passam só pelo lado, buscando poucas vezes uma diagonal. É tudo estático, o que facilita a marcação.
A organização para atacar também é obra do treinador e, nessa parte do jogo, o Inter deixa a desejar porque há jogadores de qualidade para aumentar o repertório. E nem precisa mudar o 4-1-4-1. Dá para criar alternativas sem mudar o sistema, criando triangulações e movendo peças no tabuleiro.
Sou contra demitir logo nos primeiros resultados ruins. É quase fazer média com a torcida nas redes sociais. Defendi Guto quando a maioria o queria na rua, ainda no primeiro turno. Imagino ter acertado na avaliação, já que a liderança rumo ao acesso veio.
Já uma eventual saída ao final de um trabalho (ele mesmo assinou até dezembro) reza por outra cartilha.
É direito do clube avaliá-lo, apesar do gatilho de renovação por objetivo. Do contrário, os técnicos seriam eternos. Guto Ferreira tem quatro jogos para retomar a eficiência defensiva e mostrar repertório ofensivo. Penso que sua permanência depende disso.