A 12 rodadas do fim do Brasileirão, o Inter busca forças para sair da incômoda 18ª colocação e vencer a dramática luta contra o rebaixamento.
O Blog Gre-Nal contatou profissionais que acompanharam o rebaixamento de outros grandes clubes nos últimos anos para constatar quais as semelhanças (e as diferenças) entre as campanhas dessas equipes e a trajetória do Inter em 2016 até o momento.
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A mais semelhante é a do Corinthians de 2007, que também começou o Brasileiro daquele ano liderando a competição.
Por outro lado, há muitas diferenças entre os problemas do Inter atual e os erros cometidos por vários outros grandes que foram rebaixados no Brasileirão de pontos corridos.
Corinthians (2007)
Semelhanças:
- Teve um início muito bom no Brasileirão 2007 e foi líder nas quatro primeiras rodadas, o que acabou iludindo o público sobre a capacidade daquela equipe. O Inter também começou o Brasileirão 2016 muito bem, sendo também líder da competição na parte inicial.
- Houve em ambos os casos muitas trocas de treinadores com perfis muito diferentes. Carpegiani, José Augusto e Nelsinho Baptista foram os comandantes do Timão em 2007, assim como o Inter teve até então Argel, Falcão e Celso Roth.
- Houve também várias trocas no departamento de futebol ao longo do ano. Renato Duprat, Edvar Simões e Antoine Gebran foram os diretores de futebol corintianos em 2007. No Inter de 2016, Carlos Pellegrini, Pedro Affatato, o presidente Vitorio Piffero e agora Fernando Carvalho assumiram a pasta em momentos distintos de 2016.
- Assim como o Inter atual, o Corinthians também não teve registros de atos de indisciplina no elenco e de salários atrasados.
– As contratações não deram resultado. Jogadores como o zagueiro Zelão, o meia Arce e o atacante Clodoaldo chegaram de clubes menores e não tiveram bom desempenho, assim como vários atletas do Inter de 2016.
Diferenças:
- Um dos fatos que mais atrapalhou a campanha do Corinthians foi o fim da tumultuada parceria com a MSI, que acabou causando a debandada dos principais jogadores, como Tevez, Mascherano, Roger e Nilmar.
– O Corinthians teve um início muito bom em 2007, assim como o Inter em 2016. O time corintiano foi líder nas quatro primeiras rodadas e muita gente se enganou. Demorou para cair a ficha que o elenco não era bom – conta o repórter Rodrigo Vessoni, setorista do Corinthians do jornal Lance!, que cobriu a queda da equipe paulista e depois escreveu o livro "A Reconstrução do Timão", após o retorno à Primeira Divisão.
Palmeiras (2012)
Semelhanças:
- Houve trocas de treinadores. Felipão foi demitido em setembro e foi substituído por Gílson Kleina.
- Ocorreram muitas contratações equivocadas de jogadores que estavam em clubes menores e que não deram resultado, como o zagueiro Román, o meia Mazinho e o atacante Betinho.
Diferenças:
- Antes da queda, o Palmeiras havia conquistado um título importante, a Copa do Brasil 2012, sob o comando de Felipão.
- Ao contrário do Inter, a direção palmeirense não teve mudanças em 2012. O presidente Arnaldo Tirone e o vice de futebol Roberto Frizzo conduziram o clube até o final.
- Houve atraso de salários no clube palmeirense naquela temporada.
– Vejo trajetórias semelhantes. Em primeiro lugar, por falta de planejamento dos dirigentes. O time do Palmeiras não era bom, assim como o do Internacional de hoje, que também trocou treinadores – analisa Jesse Nascimento, que foi setorista do Palmeiras pela Rádio Globo, em 2012.
Botafogo (2014)
Diferenças:
- Neste caso, a trajetória foi muito diferente da do Inter de 2016. A crise política era bem maior e a situação financeira do clube era terrível. Os atrasos salariais, por exemplo, ultrapassaram os nove meses. A crise atingiu o ápice quando os quatro principais líderes do grupo, que protestavam contra os atrasos e inclusive ajudavam financeiramente os mais jovens, foram afastados: o zagueiro Bolívar, os laterais Edílson e Júlio César e o atacante Emerson Sheik.
– A situação financeira era complicada. Os jogadores estavam há nove meses sem receber. Alguns atletas estavam voltando para a casa dos pais, por que não tinham condições pagar o aluguel – conta o então zagueiro Bolívar.
Vasco (2008, 2013 e 2015).
Semelhanças:
- Muita troca de técnico. Em 2008, Alfredo Sampaio, Antônio Lopes, Tita e Renato Portaluppi treinaram a equipe vascaína. Em 2013, passaram pelo clube Gaúcho, Paulo Autuori, Dorival Júnior e Adílson Batista. Já em 2015, foram três profissionais: Doriva, Celso Roth (atual técnico do Inter) e Jorginho, que segue até hoje.
Diferenças:
- A péssima situação financeira do clube e a turbulência política intensa formavam um quadro administrativo muito pior do que o atual cenário do Inter. As brigas políticas entre Eurico Miranda e Roberto Dinamite minaram o ambiente, aumentando os problemas do clube.
Atlético-MG (2005)
Semelhanças:
- Muitos técnicos no mesmo ano: Tite, Marco Aurélio e Lori Sandri.
Diferenças:
- Ao contrário do Inter, o Atlético-MG iniciou o Brasileirão 2005 com um número muito alto de veteranos, como Rodrigo Fabri, Fábio Baiano e Luis Mário. Por outro lado, na reta final, o clube afastou os medalhões e, repentinamente, em um momento de pressão, recorreu à garotada da base.
– A montagem do elenco do Atlético-MG foi equivocada, com vários medalhões. No final, os medalhões foram afastados e o atleta recorreu à base. Subiram nove jogadores, entre eles o goleiro Bruno, que hoje está preso. Além dele, estavam vários atletas que não vingaram no futebol .
Grêmio (2004)
Semelhanças:
- Naquela época, o Grêmio também fez muitas trocas na comissão técnica e no departamento de futebol. Foram cinco treinadores em 2004: Adílson Batista, Nestor Simionatto, José Luis Plein, Cuca e Cláudio Duarte. No futebol, o comando começou com Saul Berdichevski e terminou com o ex-presidente Hélio Dourado.
- As contratações equivocadas fizeram com que o Grêmio rendesse muito menos do que o esperado.
Diferenças:
- O Grêmio de 2004 tinha problemas de grupo que não foram constatados no Inter de 2016 até o momento, como atrasos de salário e atos de indisciplina no elenco.
- A situação financeira do Grêmio naquela época era muito pior que a do Inter de hoje. Um dos motivos é que o clube gremista ainda se recuperava da mal-sucedida parceria com a ISL.
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