- Saiba qual é a previsão para a retirada das montanhas de lixo que ainda são vistas na região;
- Moradores e proprietários de estabelecimentos vivem a expectativa pela volta dos torcedores;
- Qual é o prazo da Brigada Militar para definir a quantidade de público permitida para o jogo do dia 1° de setembro contra o Atlético-MG;
- Confira o que dizem EPTC e Trensurb sobre transporte e mobilidade para chegar ao estádio.
Quem se aproximar da Arena do Grêmio, no bairro Humaitá, na zona norte de Porto Alegre, ainda verá as marcas da enchente que assolou a Capital há pouco mais de cem dias. Ao se chegar pela Rua Voluntários da Pátria, é possível ver montanhas de entulhos em um dos terrenos "bota-espera" mantidos pela prefeitura. O cenário reforça o contraste que existe entre a pobreza da região e o estádio de primeiro mundo que voltará a abrir as portas em 1º de setembro.
Zero Hora percorreu as principais ruas e avenidas do entorno da Arena na tarde desta quinta-feira (15), a cerca de duas semanas do jogo que marca o retorno do Grêmio à sua casa, contra o Atlético-MG, às 11h. Mais perto do estádio, ao seguir pela A.J. Renner e Padre Leopoldo Brentano, por exemplo, já não se vê os acúmulos de lixo que restavam logo após a inundação. Pelo contrário, ZH flagrou caminhões contratados pela prefeitura sendo utilizados na lavagem da Voluntários da Pátria.
Para moradores e proprietários de estabelecimentos que dependem dos jogos para garantir a renda do mês, o clima de esperança ganhou força.
Expectativa pela volta
A equipe de ZH percorreu o local em 19 de junho e, na ocasião, os proprietários dos estabelecimentos comerciais trabalhavam na limpeza dos prédios e tentavam entender como venceriam os prejuízos causados pela água. Agora, a luz no fim do túnel está mais próxima.
— Estamos só pelo jogo. Precisamos muito que as partidas voltem — comenta a moradora da Rua Frederico Mentz, Thais Xavier, 34 anos.
A pressa de Thais para o retorno dos eventos na Arena está mais que justificada. Ela conta que a família mantém um estacionamento utilizado em dias de jogos. Com partidas consideradas "fracas", sem muito apelo por parte da torcida, o faturamento é de R$ 700 a R$ 800 por dia. Em confrontos "grandes", como na Libertadores, a renda chega a R$ 1.500, dinheiro que desapareceu nos últimos meses.
Bares da região
A maioria dos bares completou ou está em fase final de reformas. Os estoques de cerveja para aguardar a volta dos torcedores estão repostos. O barro que estava por todos os lados, durante várias semanas, desapareceu em grande parte. Agora, é possível ver o chão um pouco mais firme para caminhar em direção à retomada das atividades.
— Repus meu estoque para o jogo do dia 17 (de agosto), que, no fim, não aconteceu. Não investi muito porque sabia que era algo meio incerto. Agora, para o dia 1º, o nosso receio é de uma superlotação, porque não sabemos como estão todos os bares vizinhos. Pode ser que alguns ainda não tenham conseguido se reorganizar — comenta Jessica Bueno, 32 anos, proprietária de um bar na Padre Leopoldo Brentano, que já está reformado e passa pelos últimos ajustes, com 100 caixas de cerveja em estoque.
Empresas fornecedoras de bebidas foram parceiras dos estabelecimentos. No caso de Jessica, aceitaram trocar as garrafas de cerveja inutilizadas pela enchente por novas, reduzindo o prejuízo.
Segurança
A quantidade de público que será permitida na Arena do Grêmio vai depender do aval da Brigada Militar. A limpeza da ruas — para evitar que entulhos sejam usados em eventuais brigas de torcida — e a iluminação das dependências internas do estádio serão fatores determinantes na avaliação do órgão.
A enchente danificou a estrutura elétrica da Arena. Os equipamentos para restabelecer o abastecimento de energia foram adquiridos e começaram a ser instalados. Enquanto a subestação não retomar a normalidade, são utilizados geradores, que não têm condições de suportar a operação integral da Arena, apenas em parte dela.
A previsão é que o número de torcedores seja definido até o final da próxima semana. A quantidade mínima exigida pela CBF é 12 mil pessoas, mas, segundo a Brigada Militar, por se tratar de um "evento teste" não está descartado que seja um número menor.
O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) afirma que tem desativado, aos poucos, os pontos de "bota-espera" espalhados por Porto Alegre. Um deles, que não recebe mais os rejeitos, ficava na Voluntários da Pátria, mas resta outro, em terreno próximo. O DMLU garante que o espaço é fechado, mas Zero Hora verificou com há brechas no cercamento que permitem a entrada de pessoas.
A empresa MCT Transportes foi contratada pela prefeitura de Porto Alegre para retirar os entulhos dessa área da Voluntários da Pátria e de outro terreno, na Avenida dos Estados, e transportá-los para um aterro em Minas do Leão. A estimativa do poder público é que 37.450 toneladas de resíduos estejam acumuladas nos dois pontos. Os serviços começam na próxima semana e devem ser concluídos em até 45 dias.
Mobilidade
Questionada por ZH, a Empresa Publica de Transporte e Circulação (EPTC) prevê uma operação nos mesmos moldes de antes da enchente, "tendo em vista que as vias de acesso ao estádio já estão liberadas e que a previsão é de um público reduzido", conforme a nota enviada à reportagem.
Já o Trensurb informa que não recebeu solicitação para ampliar horários em função da partida de 1º de setembro. Contudo, explicou que já terá horários especiais, frota de ônibus ampliada e intervalos reduzidos nos trens por conta da Expointer, em Esteio, que estará no último dia.