Uma das regiões mais castigados pela enchente, o Humaitá representa para o volante Edenilson muito mais do que o local onde está situada a Arena do Grêmio. Nascido e criado no bairro da zona norte da Capital, o meio-campista aposta na força do futebol e do Tricolor para a reconstrução da região onde cresceu e deu os seus primeiros chutes, e onde até hoje vivem seus familiares, no momento alojados no condomínio do jogador no Litoral, esperando o nível da água baixar.
Em uma entrevista de cerca de 15 minutos concedida a GZH na tarde desta terça (21), na concentração tricolor em Guarulhos, base tricolor nesta primeira semana de retomada dos trabalhos, Edenilson falou sobre a sensação de pertencimento que tem com a região da Arena e a tristeza que sente ao ver o seu bairro tomado pela água.
— É triste ver a situação que (o bairro) ficou. É onde me criei. Conheço todas as ruas e até hoje tenho muitos amigos ali. Mas temos a esperança de que o bairro vai ser reconstruído, de que a nossa cidade vai ser reconstruída e as famílias ali vão ter suas vidas normalizadas daqui para frente — disse.
Apesar de ainda não ter atuado na Arena desde que foi contratado pelo Grêmio, em abril, Edenilson conhece mais que todos aquele terreno. Afinal, o meio-campista aprendeu a jogar futebol ali nos antigos campos do Humaitá, exatamente no local onde o estádio tricolor viria a ser inaugurado, em 2012.
— É, eu já joguei na Arena antes dela ser construída, mas ainda não joguei na Arena (pelo Grêmio) depois de ela ser construída— brinca.
Aliás, justamente pela presença da Arena, o volante aposta no impacto do Grêmio para a região e na força do futebol para que o Humaitá seja reconstruído.
— O bairro foi muito afetado, mas o futebol pode sim ser uma ferramenta de esperança para todos. A Arena ter ido para ali já foi um um marco histórico para o pessoal. Ali todo mundo fala com orgulho que vive perto da Arena. Então, acho que a gente pode fazer é voltar o mais forte possível agora para poder dar esperança para o nosso torcedor e para o povo. Para que a gente possa ter dias normais, com a Arena lotada e o Grêmio ganhando — declarou.
No início da enchente, Edenilson estava morando no Hotel Deville, no Bairro Anchieta, também na zona norte e também inundado. Antes de deixar a região, porém, o meio-campista foi até o Humaitá tirar seus mais de 40 familiares que vivem no bairro para levá-los ao seu condomínio no Litoral, onde estão até hoje.
— Alguns toparam na hora, outros ficaram um pouco mais, tentando esperar que a água não chegasse. Mas depois foi inevitável. Todo mundo teve que sair das suas casas. Acho que foram oito casas afetadas, seis casas e dois apartamentos. E, como eu resolvi sair antes, consegui sair de carro e aí consegui fazer esse trajeto de tirá-los de lá e levá-los para o litoral — explicou.
Nesta semana, Edenilson segue participando dos treinos do Grêmio no CT do Corinthians, na zona leste de São Paulo. A partir da semana que vem, porém, com a retomada dos jogos, o meio-campista dará início à sua missão de ajudar a usar o futebol para reconstruir o Humaitá. O seu bairro. E também bairro do Grêmio.